São Paulo - Mais dia, menos dia, todos profissionais precisam encarar a dura missão de fazer uma apresentação oral.
Neste momento, até os mais desinibidos sentem um gelo percorrer o estômago. Afinal, não é tarefa fácil garantir a atenção e o convencimento de um público cada vez mais multimídia.
Para ajudar você a encarar esta tarefa com maestria, veja as DICAS com Reinaldo Polito, professor de oratória da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP).
“O grande problema é a falta de concatenação lógica do raciocínio”, afirma o especialista que há 35 anos ensina empresário a como se expressar em público.
Segundo ele, para se livrar dos inimigos do bom discurso é preciso tomar alguns cuidados antes e durante a apresentação. Confira as dicas:
1. Conheça o Público e a Você Mesmo
Cativar um público não é tarefa fácil. Argumentar de maneira coerente para que ele acate sua proposta? Pior ainda.
Por isso, antes de tomar o controle de uma reunião na empresa, é preciso determinar com clareza quais das suas habilidades pessoais podem contribuir para o sucesso na apresentação. “Você precisa saber se tem bom humor, se o seu vocabulário é compatível com o público”, exemplifica Polito.
Feito este mergulho para dentro de si, investigue qual o perfil das pessoas que irão acompanhar seu discurso. É com base nessas informações que você poderá definir o grau de profundidade, os argumentos e até o tipo de piada que recheará sua fala.
“Se a plateia é composta por jovens, você fala de futuro, por exemplo. Se são idosos, do passado”, diz o especialista.
2. Planeje de Ponta Cabeça
O planejamento é essencial para quem quer arrebatar o público durante uma apresentação. Não dá para encarar uma plateia sem ter a estrutura do seu discurso completamente definida na cabeça.
Mas, de acordo com Polito, para fazer isso é preciso inverter a ordem da apresentação. Isso mesmo. Em vez de planejar a estrutura do discurso a partir da introdução, comece pensando na conclusão.
E, depois disso, desenrole a apresentação do fim até o início.
3. Dê Um Passo de Cada Vez
Para que nenhum fio de argumento escape do seu planejamento, defina claramente qual o ponto central do seu discurso. Que tipo de pensamentos você pretende motivar na plateia? A que conclusão você quer chegar?
Com base nisso, pense no contexto em que o objetivo do seu discurso está inserido. “Para facilitar o entendimento, dê exemplos da vida corporativa”, aconselha o especialista.
Assim que você desenhar o corpo do seu discurso, parta para a elaboração da introdução. Este é o ponto chave da sua apresentação. Neste momento, todos os olhares estarão, de fato, voltados para você.
4. Elabore Uma Introdução Sedutora
Você deve apostar todas as suas fichas para cativar o público na introdução. Mas tenha bom senso. Seja direto.
“Mostre quais os benefícios que as pessoas terão ao te ouvir”, explica Polito. “Se o ouvinte está incomodado com alguma coisa, tire o incômodo”.
Agora, se seus superiores são o público alvo da reunião, não faça rodeios. “Mate a ansiedade dessa turma logo no início”, diz.
Assim, se o objetivo do discurso era apresentar os valores de um projeto, vá direto a esses números. Depois, espere pelas dúvidas deles.
5. Tenha Um Roteiro
Não suba ao palco, nem assuma uma reunião, sem ter consciência de que “apresentações não são testes de memória”. Ou seja, não é necessário decorar todo discurso.
Monte um roteiro com palavras chaves, uma apresentação em slides ou qualquer outra ferramenta que ajude você a recordar tudo o que é indispensável para a sua fala.
Uma dica é não deixar escapar os pontos principais do discurso. Para isso, o professor Polito sugere uma fórmula básica.
Comece contado qual é o assunto. Depois explique de maneira resumida qual o problema em questão. Sugira, então, uma solução. Para torná-la mais clara, use um exemplo do cotidiano ou conte uma história. Por fim, conclua pedindo para a plateia agir.
6. Gerencie as Interrupções
Para não perder o fio da meada, defina um critério para a interação do público. As perguntas serão feitas durante a apresentação ou depois?
Se você tem pouco tempo para falar, restrinja as questões do público para o final. Caso contrário, defina isso com base na sua segurança com o assunto.
“Há sempre o risco de ficar encurralado por questões que você não sabe responder. E isso pode minar a sua autoridade”, lembra o professor Polito.
Por isso, ele aconselha: se seu conhecimento sobre assunto em questão não é lá essas coisas, deixe as perguntas para o final.
7. Não Se Esqueça da Sua Voz
De nada vale um planejamento bem feito ou uma apresentação de slides de tirar o fôlego, se você não souber usar a sua principal ferramenta durante um discurso: a voz.
Por isso, fique atento para a maneira como modula a voz. “Mantenha um ritmo agradável, pronuncie bem as palavras, repita informações importantes, alterne a velocidade da fala, faça pausas e, depois delas, volte a falar com mais energia”, enumera Polito.
Tenha cuidado com o vocabulário extremamente técnico ou com o uso excessivo de estrangeirismos. Novamente, avalie o perfil do seu público para adequar a melhor expressão.
8. O Corpo a Seu Favor
A linguagem corporal também deve ser alvo de sua atenção durante a apresentação. É preciso coerência entre o que se fala e como se expressa com o corpo.
“O semblante precisa corresponder ao sentimento falado”, explica. “Não faz sentido cruzar os braços enquanto fala sobre um desafio, por exemplo,”.
Neste sentido, o professor condena o ato de colocar as mãos nos bolsos ou gesticular excessivamente durante uma apresentação. “Isso demonstra ansiedade”, diz.
Agora, se faz parte de sua personalidade falar demasiadamente com as mãos, não se preocupe. Polito tem uma técnica para domar este hábito durante uma apresentação: “Faça um gesto para cada informação predominante. Depois, volte para a sua posição de apoio. Aguarde com calma. Diante de novo dado importante, faça outro gesto”.
Aos tímidos de plantão, ele dá um aviso: mantenha sempre o contato visual com a plateia. “Com isso, você analisa a reação do grupo e, além disso, prestigia as pessoas que estão ouvindo você”.
Redações" Prof. Otávio Avendano de Vasconcellos - P
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