Fragmento de papiro indicaria que Jesus era casado. O que pensar sobre
isso?
Antes de tecer meus comentários sobre
o assunto, vamos à notícia. Volto logo em seguida, OK?
Fragmento de texto cristão indica que Jesus foi casado
A descoberta de uma
pesquisadora da Universidade de Harvard (EUA) pode ajudar a esclarecer
um dos aspectos mais controversos da vida de Jesus Cristo. Karen King,
especialista em religião, encontrou um papiro do século 4 da nossa era cujo
texto indica que Jesus Cristo foi casado.
O texto foi apelidado de "Evangelho da esposa de Jesus". A
parte do texto que chamou a atenção dos pesquisadores é a seguinte:
"Então, Jesus disse a eles: eis a minha esposa", de acordo com a
tradução feita do copta (antigo idioma egípcio). "A tradição cristã sempre
sustentou que Jesus não era casado, embora não exista evidência
histórica para respaldar essa tese", disse Karen durante uma palestra
em Roma, nesta terça-feira.
Segundo a pesquisadora de Harvard, "este novo evangelho não
prova que Jesus era casado, mas nos diz que toda questão surgiu apenas como
parte dos intensos debates sobre sexualidade e casamento. Desde o início,
cristãos discordavam se era melhor não casar, mas foi apenas mais de século
depois da morte de Jesus que começaram a recorrer à condição matrimonial dele
para apoiar suas posições." De acordo com Karen, mostrar Jesus solteiro
era uma maneira de fortalecer as posições católicas sobre temas como o
celibato.
O fragmento tem oito linhas de texto de um lado e está muito
danificado no verso, com apenas três palavras e algumas letras visíveis. O
dono do documento procurou Karen em 2010, e na época ela duvidava da veracidade
do fragmento do papiro. A tese sobre Jesus ter sido casado ganhou fama com o
livro "O Código Da Vinci", de Dan Brown. Observação:
Grifos acrescidos, não presentes no original.
Fonte: Yahoo, via Huffington Post.
OK, estamos de
volta e vamos refletir um pouco sobre como essa descoberta pode impactar nossa
fé e nosso testemunho perante o mundo, anunciando que Jesus é o Salvador
prometido. Então, começo com uma pergunta: e se você fosse questionado sobre
isso, afirmando que sua fé em um Jesus divino está fundamentada em mentiras que
estão sendo, finalmente, desmascaradas? Ok, eu exagerei a situação, mas para
que você entenda o que pode vir a acontecer, e como você deve se comportar
perante isso.
Em primeiro lugar,
devemos ter em mente que a Palavra de Deus nos exorta a sermos pacientes e
mansos ao respondermos a quem nos pedir a razão da esperança que está em nós.
Mas, não só isso: ali também diz que devemos estar sempre preparados para
responder (1 Pe 3.15).
Observe: NÃO FOI UM
CONSELHO, FOI UMA ORDEM. Se você inventar de responder a alguém, estando
despreparado, estará fazendo a coisa certa do jeito errado. Não tenha ilusões
de que Deus estará obrigado a abençoá-lo porque você quer defender a fé. Você
somente terá a bênção de Deus se fizer a coisa do jeito dEle, OK?
Vamos refletir,
inicialmente, sobre a seguinte questão: e se Jesus fosse casado, o que
isso significaria que Ele não seria mais o Filho de Deus? Não. Casar não é
sintoma de que você é uma pessoa ruim, longe disso. Logo, não seria um
desmerecimento se Jesus fosse casado, certo?
Ora, penso eu cá
com meus botões: as pessoas ruins se fazem de boas para poderem casar, não é
verdade? Então, casar não é, definitivamente, algo que desmereça alguém. Deixar
de casar, também não, apesar de muitas mulheres enfrentarem piadinhas do tipo
"solteirona, tiazona, encalhada, etc".
Então, vamos explorar os 3 pontos grifados, e refletir
um pouco sobre cada um deles.
·
1º ponto: esclarecer um
dos aspectos mais controversos da vida de Jesus Cristo
Jesus tem muitos aspectos
controversos em sua vida: seu nascimento virginal, a ausência de um pai
biológico, o local de seu nascimento, suas afirmações polêmicas e
declarações desconcertantes, sua morte e, finalmente, sua ressurreição e
segunda volta. Tudo isso é objeto de polêmica e controvérsia. Mas,
definitivamente, a questão de Jesus ter tido, ou não, uma esposa não é um
deles.
Ter ou não, uma
esposa, não é algo que diminua ou denigra alguém, pelo contrário (embora alguns
possam achar que sim). Veja o que Paulo afirma a esse respeito:
Não temos nós direito de levar conosco uma esposa crente, como também os
demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas? 1
Coríntios 9:5
Ora, se Jesus fosse
casado, por que Paulo, que o conheceu pessoalmente em glória, ainda que
tardiamente, não o usou como exemplo? Observe que ele usa Cefas (o apóstolo
Pedro) como ponto culminante do argumento. Se Jesus tivesse sido casado, ele
(Paulo) encerraria o argumento com Jesus, e não com Pedro, concorda?
Dizer que Jesus era casado não é, de forma alguma, um elogio: soa como acusação. Assim foi com Dan Brown em seu livro de sucesso de público
Muitas pessoas querem
ao que parece descobrir algo na vida de Jesus que desmereça ou desqualifique
Sua pessoa. Mas, isso nunca foi fácil, senão vejamos:
Qual de vocês podem me acusar de algum pecado? Jo 8.46
Os fariseus, ávidos por encontrar algum motivo
contra Jesus, nada puderam contradizê-lo, fugindo dessa pergunta como o
diabo foge da cruz que qualquer um de nós sentiria calafrios somente em
pensar em fazê-la. Sim, Jesus era mestre (rabi, na verdade... desculpe o
trocadilho) em levantar polêmicas envolvendo sua pessoa e ministério. Mas, ser
casado nunca foi objeto de debate. Por quê? Talvez por que Ele não possuía uma
esposa, uai.
·
2º ponto: não existe
evidência histórica para respaldar essa tese do celibato de Jesus
Uma
das máximas do trabalho apologético é reconhecer que "ausência de
evidência não significa evidência de ausência" ou, em outras palavras,
somente porque não se achou - ainda - uma prova de que algo exista, não quer
dizer que aquilo não exista, de fato. O que isso significa, então? Que ainda
não se achou evidência sobre aquilo.
Pensando
dessa maneira, a construção da frase da pesquisadora é correta: na visão dela
não existe evidência contrária, e agora aparece uma afirmando. Logo, ela
conclui que existem mais chances de Jesus ter sido casado do que ter sido
solteiro.
Mas,
espere: será que não existem mesmo evidências de que Jesus não seria casado? E
os evangelhos, que contam minúcias da vida do Messias, excetuando o período dos
12 aos 30 anos, não podem ser considerados como fonte histórica?
Os
evangelhos nos contam sobre o nascimento, a ameaça de morte, o episódio do
Templo, seu ofício, seus pais, irmãos, apóstolos e amigos, inclusive
nomeando-os, conta que Ele sentiu fome, sede, cansaço, que chorou que se alegrou
que se irou... Ora, contam até que Ele suou! E omite um fato tão importante
quanto o de Ele ser casado?
Talvez,
omitir fatos assim fosse regra, mas existem evidências secundárias ou indiretas
que nos dão firmes indicações da situação conjugal de outros personagens
importantes dos evangelhos. Às vezes, a situação conjugal era omitida por estar
implícita, quando como são mencionados filhos ou sogra, como foi o caso da cura
da sogra de Pedro. Inclusive, circula aquela piada infame que Pedro veio a
negar Jesus porque Ele teria curado a sogra dele... Risos
Não,
senhores. Existem evidências históricas sim que nos permitem inferir, ainda que
não diretamente, que Jesus não era casado. Mas, que fique bem claro que não
estou dizendo isso porque considero que ser casado diminui Jesus. Claro que
não. Se não fosse assim, eu mesmo não teria me casado,
oras!
Quando
Jesus foi crucificado, lá estava o discípulo amado (João, o evangelista), sua
mãe e algumas amigas ao pé da cruz. Procure a esposa dEle lá. Achou? Nem eu. Bem,
Ele escolheu Judas mesmo sabendo que Judas o trairia. Mas, isso estava
previsto. Profetizado, na verdade. Por que os evangelhos, repletos de minúcias,
principalmente o de Lucas, pesquisado a fundo, segundo seu autor, antes de ser
escrito, não nos diz que Ele era casado e que Sua esposa, tal como Judas, O
traiu? Ou que ela O negou e abandonou, assim como fez Pedro?
Ausência
de evidência é uma coisa. Evidência, mesmo indireta, de ausência é outra
completamente diferente. Você pode ter certeza de uma coisa: se Jesus fosse
casado, mesmo não sendo isso explícito, e ser casado fosse essencial em Seu
ministério, pode ter certeza de que a acusação que pesaria sobre Ele, baseada
fortemente em argumentos sólidos, seria de que Ele NÃO era casado.
Assim como a mãe de Jesus e, pelo
menos, um de Seus irmãos (Tiago, emGálatas 1.19, mesmo na versão católica, pode
conferir) estava presentes e bastantes ativos na vida da igreja primitiva, o
que o faz pensar que a "viúva" de Jesus seria deixada de lado? Ora,
se Pedro, que o negou por 3 vezes, estava lá, por que ela não estaria?
·
3º ponto: o
fragmento tem oito linhas de texto de um lado e está muito danificado no verso
Eu,
sinceramente, não consigo entender porque alguém arrisca uma carreira acadêmica
ou a reputação de uma vida para defender algo tão frágil. Desejo de aparecer,
talvez? Ânsia pela fama, sucesso e dinheiro? Sair do anonimato? Não sei. Só sei
que considero isso uma temeridade, uma quase completa rejeição ao bom senso e
capacidade de senso crítico.
Veja
bem: a confiabilidade do Novo Testamento, mesmo sendo duramente acossada pelos
críticos mais ferrenhos durante séculos, mantém-se firme e inabalável, erguendo-se
desafiadoramente perante seu mar de críticos, tal qual um farol que, mesmo
acossado pelas ondas, continua a brilhar sem se incomodar com as espumas e
sujidades que lambem a rocha sobre a qual ele está fundado.
A
profusão de estudos honestos sobre a confiabilidade do Novo Testamento é
abundante, e vou listar aqui apenas alguns deles: A base manuscrita para a
confiabilidade da Bíblia, Porque o NT é digno de confiança
e A Confiabilidade das Cópias do Novo Testamento.
Conclusão? O Novo Testamento é confiável. COMPLETAMENTE confiável.
Agora,
raciocine comigo: o Novo Testamento contém só ele, quase 8.000 versículos
(lembrando que um versículo pode conter de uma a quatro, cinco linhas) que
silenciam completamente sobre uma suposta esposa de Jesus, então, eis que
aparece um pedaço de papiro... Abro parêntesis aqui: um papiro?
Ora,
não deveria ter sido um pergaminho? Naquela época, a utilização de pergaminho
já estava bem difundida e o papiro havia sido substituído, justamente por sua
melhor confiabilidade e durabilidade, pelo pergaminho. Fecho o parêntesis.
Então,
eis que se acha um pedaço roto de papiro, com oito linhas, com uma frase
"Então disse Jesus, eis a minha esposa", e isso é motivo para contradizer
8.000 (oito mil) versículos e 2.000 (dois mil) anos de história cristã? Claro,
nem todos os 8.000 versos do Novo Testamento podem ser usados para refutar uma
teoria da esposa de Jesus, e usei aqui como figura de retórica.
Mas,
ainda assim, a pergunta persiste: oito linhas anônimas, tiradas de um contexto
desconhecido, para fazer uma afirmação que vai de encontro a uma tradição
enraizada e sedimentada de quase 2.000 anos? Quem seria louco o suficiente para
acreditar piamente nisso?
Até
agora, falei apenas do Novo Testamento. Que tal falarmos um pouquinho do Velho?
O Antigo Testamento nos indica, em várias partes, situações do cotidiano do
Messias: diz onde Ele iria nascer, qual seria seu ministério, fala de
características únicas que serviriam para identificá-lo, do discípulo que o
trairia e até de sua morte. Mas, e de sua esposa, alguma linha? Não.
Nenhumazinha. Nada. Zero.
Se
Jesus tinha - ou deveria ter - uma esposa, por que tal fato não seria
mencionado no Antigo Testamento? Se fosse algo que se revestisse de importância
para o futuro ministério do Messias, certamente seria. Se não foi, não era
importante.
Reflita comigo: imagine que você
esteja andando pela rua, então passa ao lado de uma lixeira que foi esvaziada
recentemente e, dentro dela, você encontra um pedaço de papel onde está
escrito: "o presidente Fulano é ladrão" ou "o presidente
Beltrano é inocente", com mais um punhado de linhas que o acusam ou
defendem.
Seria isso prova suficiente para condená-lo ou absolvê-lo? E se isso fosse parte de um processo onde tal fragmento descrevesse o relato de uma testemunha (de acusação ou de defesa)? Isso, por si só, não iria querer dizer muito, mas faria parte de um contexto maior, indisponível para você. Tirar conclusões, com base naquele pedaço de papel poderia fazê-lo cometer grandes injustiças.
Finalmente, depois do estrondoso su$$ço de O Código da Vinci, parece que suscitar controvérsia sobre uma suposta vida amorosa de Jesus rende bons dividendos. Quem não se lembra do filme A Última Tentação de Cristo, que insinua um romance, ainda que platônico entre Ele e Maria Madalena? A julgar, também, pelo tamanho da fortuna que o rev. Moon deixou quando partiu desta para pior, miss Karen está no caminho certo.
Para o lucro sim, mas para o Céu, não. E olhe que ela nem é adepta da teologia da prosperidade, hein! Avalie se fosse...
E você, o que tem a dizer sobre isso? Acha mesmo que Jesus teve uma esposa e que, quase 2.000 anos depois, só viemos saber agora (risos)? Para quem não apenas acredita em Deus, mas O conhece e mantém um relacionamento vivo com Ele, isso não é coisa de nos tirar o sono, ainda mais quando as evidências são tão frágeis quanto um pedaço de papel rasgado e borrado, escrito por sabe-se lá quem e usado para limpar sabe-se lá o quê... risos
Seria isso prova suficiente para condená-lo ou absolvê-lo? E se isso fosse parte de um processo onde tal fragmento descrevesse o relato de uma testemunha (de acusação ou de defesa)? Isso, por si só, não iria querer dizer muito, mas faria parte de um contexto maior, indisponível para você. Tirar conclusões, com base naquele pedaço de papel poderia fazê-lo cometer grandes injustiças.
Finalmente, depois do estrondoso su$$ço de O Código da Vinci, parece que suscitar controvérsia sobre uma suposta vida amorosa de Jesus rende bons dividendos. Quem não se lembra do filme A Última Tentação de Cristo, que insinua um romance, ainda que platônico entre Ele e Maria Madalena? A julgar, também, pelo tamanho da fortuna que o rev. Moon deixou quando partiu desta para pior, miss Karen está no caminho certo.
Para o lucro sim, mas para o Céu, não. E olhe que ela nem é adepta da teologia da prosperidade, hein! Avalie se fosse...
E você, o que tem a dizer sobre isso? Acha mesmo que Jesus teve uma esposa e que, quase 2.000 anos depois, só viemos saber agora (risos)? Para quem não apenas acredita em Deus, mas O conhece e mantém um relacionamento vivo com Ele, isso não é coisa de nos tirar o sono, ainda mais quando as evidências são tão frágeis quanto um pedaço de papel rasgado e borrado, escrito por sabe-se lá quem e usado para limpar sabe-se lá o quê... risos
Ainda teria mais coisas a dizer, mas acredito que estas
Perceba você abriu seu coração para deixar Jesus entrar nele, mas não precisou jogar fora seu cérebro para isso, certo? Então comece tirando a poeira e as teias de aranha da sua mente, e não engula tudo o que o disserem como se fosse verdade, sem antes analisar bem o que foi dito ou escrito.
Então, que fique bem claro: Jesus tinha esposa? Não. Ele tem. Não, não é a "Tonica" (outra piada infame: a túnica, que os soldados tomaram dEle). É a igreja, a noiva de Jesus, e Ele vêm para buscá-la:
E veio a mim um dos
sete anjos que tinham as sete taças cheias das últimas sete pragas, e falou
comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a esposa, a mulher do Cordeiro.
Escreveu wally, do blog
Desafiando Limites, que não sabe escrever menos de oito linhas, e
nem usar o Twitter direito também. Entendeu né?
=)
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Postado
em: Apologética,atitudes,cenas da vida,Reflexão,UBE
2012,vida real,Wallace Sousa
Fonte: http://www.ubeblogs.net/
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