“É um grande privilégio ser escolhido por Deus para fazer a sua Obra, mas é um grande dever do escolhido preparar-se para realizá-la”. Alex Belmonte.
Por Alex Belmonte
O chamado de um pastor é um dos assuntos mais evidentes nas Sagradas Escrituras. Seu perfil e caráter são revelados tanto no Novo como no Antigo Testamento de forma impressionante e segura.
Mas parece que as credenciais bíblicas do chamado e vocação pastoral são ignoradas por alguns grupos cristãos, no que tange aos princípios para a ordenação e consagração de ministros. O que vemos muitas vezes são “pastores” realizando funções protocolares no ministério, do que ministros desempenhando o dom espiritual do apascentamento e cuidado da Igreja de Cristo. E, mais tenebroso ainda é reconhecer que existem muitos pastores que não são pastoreados, verdade essa tão clara que você pode até achar estranho o fato do ministro precisar dessa assistência, mas todo pastor necessita de uma cobertura, como assim fizeram Barnabé com Paulo (At 9.26-28; 11.22-26; 13.1-3), Paulo com Timóteo (2 Tm 1.1-8, 13-15; 2.1,2) e muitos outros exemplos.
Mas todos os pastores precisam realmente de um chamado exclusivo por Deus? Um pastor que não possui o chamado não terá êxito mesmo estando na função? As frustrações pastorais testemunhadas em nossos dias são resultados do erro quanto ao chamado ministerial? Afinal, como nasce um pastor?
Primeiro desejo esclarecer os significados das palavras “vocação” e “chamado”, visto que se tratando do contexto religioso, ambas se encontram interligadas. O termo vocação, do lat. vocare é a inclinação e aptidão para determinada função. Denota uma disposição natural para uma coisa; e Chamado é a confirmação da vocação para a determinada Missão. Denota o mecanismo de ação da vocação.
Devemos iniciar o entendimento bíblico do chamado em questão, a partir da figura e descrição ilustrativa do pastor de ovelhas do Antigo Testamento, pois nessa esfera, a vida do pastor em muitos aspectos é sintonizada em um paralelo com os relacionamentos espirituais do líder cristão, sendo usada pelos escritores bíblicos, repetidas vezes, como uma luz eficaz para a transmissão de experiências quanto ao ministério e chamado do pastor.
O pastor de ovelhas no Antigo Testamento era facilmente identificado por quatro elementos indispensáveis em sua função: O cajado, a vara, a capa e, o alforje.
O cajado era usado principalmente para guiar o rebanho e socorrer as ovelhas quando preciso (Êx 21.19; 1 Sm 17.40; Zc 8.4). A vara era um símbolo de proteção e, em outros textos é chamada de bordão (2 Rs 4.29). A capa era muito importante para o pastor se acolher e se proteger e, o alforje levava alguns pertences de uso pessoal do pastor (1 Sm 17.40).
Quando chegamos ao cenário histórico do Novo Testamento vemos os líderes sendo chamados para “pastorear” o rebanho de Deus. Aqui temos o uso do termo pastor como uma nomenclatura que identificaram as próprias palavras de Cristo, quando usando a figura de metáfora, disse de Si mesmo: “Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas [...] Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido” (Jo 10.11-14).
Jesus usou a comparação por que sabia muito bem acerca do cuidado do pastor com as ovelhas nos campos. Ser pastor a partir daquele momento, na visão bíblica e neotestamentária, significava cuidar de vidas da mesma forma que Cristo demonstrou no cuidado e ensino no seu ministério na terra.
Partindo desses princípios referentes às atividades da figura do pastor tanto no AT como as comparações e simbolismo no NT, a Bíblia nos revela as três funções que compreendiam as atividades reais de um pastor: 1) A proteção exclusiva do rebanho contra as feras e os perigos naturais; 2) O zelo pela seleção dos melhores pastos e campos verdes e; 3) O trato no crescimento da ovelha, com o cuidado do peso e o desenvolvimento de sua lã.
A partir dessas bases a Bíblia deixa clara acerca do verdadeiro chamado de um pastor. Trata-se do servo que desde seus primeiros passos na jornada cristã, junto aos seus (sua igreja e seu pastor) possui real preocupação, primeiro na proteção da igreja de Cristo, que compreende o bloqueio das contaminações do mundo, dos falsos ensinos, dos caminhos tortuosos; segundo, o zelo pelo melhor alimento através da pregação da Palavra de Deus, que edifica, exorta, consola e desperta. Um servo que revela o chamado para pastorear sempre transmitirá mensagens dentro desses quatro aspectos; e terceiro, pela liderança espiritual que faz com que vidas desenvolvam seus ministérios e alcancem seus sonhos. O pastor é um líder e seu chamado está condicionado ás suas qualidades de liderança.
O que mencionamos até aqui pode ser resumido numa verdade ampla: Não existe chamado pastoral distante dessas realizações, bem menos algum pastor usado pelo Espírito Santo com apenas uma dessas indicações, ou seja, se algum ministro está em falta em algum desses princípios, com certeza seu chamado ministerial está em desenvolvimento, mas, se lhe falta todos esses valores, com certeza jamais foi chamado por Deus para pastorear.
Dentro desse raciocínio ainda desejo expor duas situações: pastores que crêem no chamado, mas passam por experiências frustrantes, e pastores que sabem realmente que não possuem o chamado, mas entraram “acidentalmente” no ambiente ministerial.
No primeiro caso é de grande importância saber que o início ministerial com experiências dolorosas não significa algum tipo de erro no chamado, mas pode revelar um agir e preparo exclusivo de Deus para algo bem maior. Deus o levará a compreender isso.
No segundo caso, temos alguém sem o chamado na função pastoral, mesmo assim pastoreando. A falta de êxito maior desse líder não está em seu realizar, de certo, ele sempre fará algo em suas condições, mas sua situação revela claramente que suas ações pastorais serão limitadas por lhe faltarem os elementos essenciais que preenchem sua ordem vocacional e seu chamado divino.
No demais, desejamos muitos pastores Chamados, e menos chamados pastores.
Fonte.http://searanews.com.br/como-nasce-um-pastor/
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