Como
querem combater a cultura da morte do socialismo, homossexualismo e feminismo
quando se sentem à vontade com a cultura da tortura e morte da Inquisição?
Júlio Severo
Parece
impossível a alguns católicos aceitar o fato de que o papa é um mero ser
humano, vulnerável a erros como qualquer outro ser humano. Com os recentes episódios do Papa
Francisco dando entrevistas que foram louvadas pela mídia internacional como
mudança liberal no Vaticano, sem mencionar seu total silêncio “pró-vida” na
visita oficial ao Brasil, quando Dilma Rousseff estava para legalizar o aborto
no Brasil — e de fato o legalizou, já
que a autoridade máxima dos católicos nada tinha a dizer sobre o assunto no
país mais católico do mundo —, publiquei artigos sobre o assunto.
A reação
foi imediata. Uma das colunistas do Mídia Sem Máscara imediatamente veio ao meu
Face book me criticar duramente, atribuindo a mim a autoria do artigo. Precisei
explicar que o artigo não era meu. Na verdade, publiquei artigos do WND, ou
WorldNetDaily.
Os artigos
não atacaram a fé católica. Mesmo assim, a reação foi como se lidar com as
fraquezas papais fosse um ataque direto a uma divindade.
Por muitos
anos, alguns (não todos) articulistas católicos no Mídia Sem Máscara se dedicam
ao vão exercício de criticar os protestantes enquanto os evangélicos ficam em
silêncio. Respeito grandemente meus amigos católicos, especialmente os líderes
pró-vida, mas precisarei quebrar o silêncio a fim de instruir o público. Deixo
claro, porém, que me dirijo exclusivamente a alguns católicos que se consideram
conservadores, mas, estranhamente, são saudosistas da Inquisição.
QUEM
É O ÚNICO MEDIADOR ENTRE DEUS E OS HOMENS?
Acredito,
como já comprovou o próprio WND, que o Papa Francisco não está sendo coerente
com o conservadorismo pró-vida que João Paulo II ensinou e denunciar tal
incoerência não pode ser acusada de “birra” de protestante contra os católicos.
Se houvesse
birra, eu teria motivos de sobra para nunca me envolver com católicos. Mas
tenho por mais 20 anos tido tal envolvimento, que se restringe à luta pró-vida
e pró-família. Esse envolvimento não envolve doutrinas, pois os católicos não
podem aceitar um cristão que adora Jesus Cristo e, ao mesmo tempo, não adora
nem considera Maria como co-redentora, uma espécie de divindade a quem se deve
dirigir rezas.
Eu adoro
apenas Pai, Filho e Espírito Santo. O único intermediário entre Deus Pai e os
homens é Jesus Cristo, nunca Maria. É o que a Bíblia ensina claramente:
“Pois existe um só Deus e uma só pessoa que une Deus com os seres
humanos — o ser humano Cristo Jesus, que deu a sua vida para que todos fiquem
livres dos seus pecados. Esta foi a prova, dada no tempo certo, de que Deus
quer que todos sejam salvos. E eu fui escolhido como apóstolo e mestre dos
não-judeus para anunciar a mensagem da fé e da verdade. Eu não estou mentindo;
estou dizendo a verdade.” (1 Timóteo 2:5-7 BLH)
Se eu
fosse me envolver com católicos na base de doutrinas, é certo que nunca
entraríamos em acordo, especialmente porque a Bíblia é para mim a autoridade
máxima. Portanto, nas relações com católicos que lutam pela família, mantenho
apenas a perspectiva pró-vida, sem doutrinas.
Foi apenas
nessa perspectiva que publiquei artigos do WND. Foi também nessa perspectiva
que apontei o silêncio injustificável do papa enquanto Dilma estava para
legalizar o aborto.
Ora, se o
papa está errando, o que se deve fazer? Calar? O fato de eu ser evangélico não
me impede de falar de questões pró-vida de todo o universo cristão. Católicos
criticam maus protestantes. Católicos elogiam bons protestantes. Eu elogio bons
católicos e, quando necessário, aponto discrepâncias católicas, na questão
pró-vida, que merecem ser expostas.
JOÃO
PAULO II PEDIU PERDÃO PELOS CRIMES DA INQUISIÇÃO
Outro
colunista do Mídia Sem Máscara se queixou uma ou duas vezes dos artigos do WND
no meu blog e depois acabou desabafando:
A Inquisição lutou para limpar a Igreja por dentro. O foco dela foi
sempre as heresias internas do cristianismo. E como sempre, a Igreja nos ensina
o que fazer: buscar dentro de nós o mal que divide, que atormenta e que mata a
alma.
“Limpar”
torturando e matando? A Inquisição foi algo tão vergonhoso que nenhum papa
moderno tem coragem de defendê-la. Segundo a edição de 2004 da revista Época,
em matéria intitulada “Papa pede perdão pelos crimes cometidos pela
Inquisição,” o papa João Paulo II pediu perdão pela Inquisição que torturou e
matou pessoas consideradas heréticas. Ele se desculpou pelos “erros cometidos a
serviço da verdade por meio do uso de métodos que não têm relação com a palavra
do Senhor.”
A
Inquisição nada tinha com a Palavra de Deus, e mesmo depois que o papa João
Paulo II reconheceu isso, vemos um colunista do Mídia Sem Máscara defendendo
essa prática criminosa, que, como outros grandes massacres repugnantes que
aconteceram ao longo da história, estava repleta também de motivações políticas
nefastas. Uma das populações vítimas da Inquisição era exatamente os judeus.
Ao pedir
perdão pela Inquisição, o papa João Paulo II, de acordo com
o conhecido site católico Zenite, disse: “É justo que… a
Igreja assuma com uma consciência mais viva o pecado de seus filhos recordando
todas as circunstâncias nas quais, ao longo da história, afastaram-se
do espírito de Cristo e de seu Evangelho, oferecendo ao mundo, em vez do
testemunho de uma vida inspirada nos valores da fé, o espetáculo de modos de
pensar e atuar que eram verdadeiras formas de antitestemunhos e
de escândalos.”
Temos
então a declaração clara do papa: os católicos da Inquisição estavam em pecado
e se afastaram do espírito de Cristo e de seu Evangelho. Mais claro que isso
impossível.
Católicos
que elogiam ou desculpam a Inquisição entram em choque com João Paulo II,
envergonham o verdadeiro Evangelho e evidenciam que desconhecem as posições de
seus próprios líderes. Querem ser mais católicos do que o papa e no final
acabam defendendo o crime, a tortura e o assassinato de inocentes. Acabam
pecando e defendendo o pecado.
A defesa
da Inquisição é uma agressão aos colunistas do Mídia Sem Máscara que são
católicos (Olavo de Carvalho, Percival Puggina, etc.) que, como o papa João
Paulo II, só veem uma conduta apropriada diante dos crimes da Inquisição: pedir
perdão.
A defesa da
Inquisição é uma agressão a mim, que sou evangélico e também colunista do Mídia
Sem Máscara. Juntamente com os judeus, os evangélicos foram os mais massacrados
pela Inquisição. Por isso, a defesa da Inquisição é uma agressão a outros
colunistas do MSM que são evangélicos, judeus, ortodoxos e até ateus.
Defender a
Inquisição é vilipendiar o Evangelho. Por isso, em defesa do Evangelho, e
recordando as palavras de João Paulo II, só há um caminho para os católicos
saudosistas da Inquisição: se envergonhar de seu torpe saudosismo e pedir
perdão.
A
Inquisição é famosa por seu papel de cometer massacres e atrocidades. Sua má
fama nos livros de história rivaliza com a Peste Negra. A Enciclopédia
Britânica diz que o papa Gregório IX aprovou a Inquisição em 1231, contra os
heréticos cátaros e valdenses. Segundo a mesma enciclopédia, em 1252, o papa
Inocêncio IV aprovou o uso de tortura contra os “heréticos.” Mais adiante, os
papas iniciaram uma relação promíscua com as autoridades civis para lidar com
os “heréticos.” Os “heréticos” que eram condenados pela Inquisição católica
eram entregues ao governo civil, para tortura e morte. Essa relação durou
séculos e a Inquisição passou não só a perseguir e “limpar” as terras católicas
dos “heréticos,” mas também a trucidar todo cristão que adorasse a Deus de
forma diferente das doutrinas da Igreja Católica.
FAMOSOS
CRISTÃOS QUE FORAM MORTOS PELA INQUISIÇÃO:
Jan Huss (1373–1415) Era um líder católico na atual República Checa. Ele
pregava na língua do povo, citando versículos da Bíblia na língua checa. Na
época, a missa era toda realizada em latim, e o povo nada entendia. Huss
começou a abrir a Bíblia para o povo. A Inquisição católica o entregou, como
sempre fazia, às autoridades civis, para ser queimado na fogueira. Em sua última
oração, ele disse: “Senhor Jesus, por ti sofro com paciência esta morte cruel.
Rogo-te misericórdia por meus inimigos.” Huss morreu cantando salmos. Em sua
terra, hoje ele é considerado mártir e há um feriado em sua honra. Huss foi um
dos precursores da Reforma. Se você tem uma boa conexão de internet, você pode
assistir ao filme da vida de Huss
Jerônimo Savonarola (1452-1498) Nascido em Florença, Itália, pregava, como um dos
profetas hebreus, para vastas multidões que enchiam sua catedral. Seus sermões
eram contra a sensualidade e o pecado da cidade e os vícios do papa. Foi
enforcado e queimado na grande praça de Florença, dezenove anos antes das 95
teses de Lutero.
William Tyndale (1494-1536) Tyndale graduou-se na Universidade de Oxford em 1515,
onde estudou as Escrituras no hebraico e no grego. Aos trinta anos, fez uma
promessa de que traduziria a Bíblia para o inglês para que todo o povo, desde o
trabalhador do campo até os ricos dos palácios, pudesse ler e compreender as
Escrituras em sua própria língua. Na época, a Igreja Católica proibia
rigidamente qualquer pessoa leiga de ler a Bíblia. A proibição da leitura da
Bíblia agravou-se de tal maneira que se uma criança recitasse a oração do “Pai
Nosso” em inglês toda a sua família era condenada a ser queimada na estaca.
William Tyndale, que conheceu Lutero, concluiu a tradução do Novo Testamento em
1525. Foi condenado a morrer na fogueira em praça pública e, para impedir que
morresse cantando hinos, foi estrangulado. Para assistir ao surpreendente filme
da vida e martírio de Tyndale, clique neste link: http://youtu.be/-qnuhulvPB4
Não só
líderes cristãos foram martirizados, mas populações de cidades e regiões
inteiras na Europa foram massacradas pelos agentes da inquisição.
Só não
posso citar Martinho Lutero (1483-1546) como um dos muitos
mártires da Inquisição, pois a perseguição papal contra ele foi um fracasso. O
papa da época realmente chegou a excomungar Lutero, o que significava que
qualquer autoridade civil poderia matá-lo, mas providencialmente Deus usou as
autoridades para protegê-lo.
Lutero
traduziu a Bíblia para o alemão e sua tradução é considerada como o marco mais
importante para a unificação da língua alemã. O alemão que a Alemanha fala hoje
é o alemão de Lutero.
O esforço
monumental, de vida ou morte, de Lutero e outros reformadores para colocar a
Bíblia na língua do povo produziu mudanças até mesmo na Igreja Católica, que
sempre negou ao povo acesso à Bíblia na língua do povo. Hoje, qualquer católico
tem uma Bíblia em sua casa e pode lê-la. Esse acesso fácil é resultado direto
dos sacrifícios da Reforma protestante, que acabou com o tempo provocando
mudanças na Igreja Católica.
Graças à
Reforma protestante, os católicos hoje quando vão à missa não mais ouvem a
Bíblia sendo lida em latim, uma língua que o povo nunca entendeu.
Mas essas
grandes conquistas não vieram sem um preço de sangue. Esse preço foi
principalmente a perseguição da Inquisição, que não começou na época da
Reforma, mas séculos antes. A Enciclopédia Britânica, 11ª edição, diz que até
testemunhas eram também torturadas para arrancar confissões que condenassem a
vítima acusada de “heresia.” O advogado que tentasse defender a vítima também
seria acusado de “heresia” e condenado à morte.
Essa
enciclopédia diz, na página 590 sob o verbete Inquisition, que a
excomunhão e a entrega de uma vítima às autoridades seculares equivaliam a uma
sentença de morte, geralmente na fogueira. Esse era o método de “limpar” as
terras que estavam sob rígido domínio papal. Todo homem e mulher que não
reconhecesse a Igreja Católica como única fonte de salvação era “herético” e
estava condenado.
Depois
de caçar e matar milhares de “heréticos,” a Igreja Católica diz que há salvação
para eles por meio das boas obras
Centenas
de milhares foram condenados. De que adiantou então a Inquisição derramar tanto
sangue? Hoje o papa declara que qualquer um pode se salvar praticando
boas obras, sem conhecer a Jesus.
O
documento do Vaticano Lumen Gentium diz: “Com efeito, aqueles que,
ignorando sem culpa o Evangelho de Cristo, e a Sua Igreja, procuram, contudo, a
Deus com coração sincero, e se esforçam, sob o influxo da graça, por cumprir a
Sua vontade, manifestada pelo ditame da consciência, também eles podem alcançar
a salvação eterna.”
A mesma
Igreja Católica que condenou à tortura e fogueira protestantes que reconheciam
que apenas Jesus, não a instituição católica, é fonte de salvação, hoje ensina
que qualquer um pode, sem Jesus, se salvar pelas boas obras.
Jesus
disse: “Sem mim nada podeis fazer.” Ninguém — seja católico, evangélico ou
ortodoxo — nada pode sem Jesus. Mas os católicos admiradores ou desculpadores
da Inquisição batem no peito sobre os méritos históricos da Igreja Católica,
que errou feio com a Inquisição (pelo qual João Paulo II já pediu perdão) e
erra feio novamente ao pregar salvação universal através da Lumen
Gentium. A Igreja Católica que caçava e matava “heréticos” hoje os declara
salvos pelas boas obras.
A
Inquisição, sob todos os pontos de vistas honestos, foi uma prática sanguinária
que o próprio Vaticano não tem hoje a mínima vontade de usar como referência
para o que quer que seja de bom, a não ser para pedir perdão. É uma das
supremas vergonhas do papado.
MODERNOS
“CÁTAROS” — DIGNOS DE TORTURA E MORTE?
Por isso,
me admira muito que um colunista do Mídia Sem Máscara veja a Inquisição sob um
olhar de fantasia. A “Inquisição lutou para limpar a Igreja Católica”,
torturando e matando todo e qualquer cristão que tivesse um pensamento cristão
diferente do dogmatismo católico.
Outro
colunista do Mídia Sem Máscara disse:
O que mais me causa repulsa ao protestantismo é o seu materialismo,
reduzindo a espiritualidade a um legalismo bíblico. Ser protestante é, acima de
tudo, um cátaro moderno. Temo que este catarismo destrua as bases
civilizacionais católicas do Brasil, transformando nossa sociedade num bando de
puritanos idiotas, irracionalistas, fanáticos e estúpidos querendo se achar o
porta-voz de Deus na Terra.
Isto é, ao
chamar os protestantes de “cátaros,” a sentença é óbvia. O papado das trevas da
Inquisição só tinha uma ordem com relação aos cátaros: eliminação — por
tortura, fogueira, etc.
Tais
pensamentos, de ambos articulistas do Mídia Sem Máscara elogiando direta ou
indiretamente a Inquisição, não condizem com o verdadeiro Cristianismo nem com
quem diz lutar contra a cultura da morte. A Inquisição era, em todo sentido,
uma cultura de tortura e morte.
Resolvi
escrever o artigo de hoje depois que um leitor do meu blog escreveu horas
atrás:
Júlio não sabia que esse Leonardo Oliveira era o dito Conde de
Villanueva… olha o que ele tem postado sobre a fé protestante, eu o conheci
através de uns textos dele que vc colocou em seu blog.
Sobre a
preocupação do articulista do Mídia Sem Máscara de que os “cátaros” modernos
estão destruindo as bases civilizacionais católicas do Brasil, qual é a solução
dele? Uma nova Inquisição para os “cátaros” modernos? Mais torturas? Mais
mortes na fogueira?
UMA
DEMOCRACIA PROTESTANTE NO MEIO DE UM PAÍS CATÓLICO SOB A DITADURA DA INQUISIÇÃO
Ora,
preciso fazer algumas ponderações aqui. O Brasil é o país mais católico do
mundo. A primeira grande presença protestante no Brasil foi nos idos de 1600,
com a ocupação holandesa no Nordeste. Os protestantes holandeses vieram e
trouxeram artistas, arquitetos, engenheiros, pastores, etc. Sob o comando do
Conde Maurício de Nassau, eles construíram teatros, pontes e outras magníficas
edificações que duram até hoje, depois de vários séculos. Mas ao contrário do
resto do Brasil, onde tanto protestantes quanto judeus não tinham a mínima
chance de escapar das torturas e fogueiras “santas” da Inquisição, no Nordeste
holandês havia liberdade religiosa. Você tinha liberdade de ser católico,
protestante ou judeu. Aliás, muitos judeus vieram da Europa para viver no
Brasil holandês. A primeira tradução completa da Bíblia para o português foi
feita por João Ferreira de Almeida, sob patrocínio holandês.
Contudo,
as lideranças católicas do restante do Brasil decidiram que os “heréticos”
holandeses tinham de ser eliminados. Era preciso “limpar” o Brasil “católico”
dos “heréticos” holandeses. E de fato muitos “heréticos” foram mortos pelas
guerras instigadas pelos amantes da Inquisição. Quando o restante foi expulso,
foram embora acompanhados dos judeus, que tanto quanto os protestantes sempre
foram vítimas da Inquisição. Os judeus foram para a Nova Holanda, que é Nova
Iorque, fundando ali todo o sistema financeiro que se tornou central no mundo.
O cemitério judaico mais antigo de Nova Iorque tem nomes em português,
lembrando a origem.
O Nordeste
do Brasil muito perdeu por amor à Inquisição católica. Perdeu uma cultura de
tolerância e respeito e ficou com uma cultura de trevas, inquisição e morte.
As tais
“bases civilizacionais católicas” parecem não ter sido muito notadas pelo
Imperador Pedro II, que fez questão de abrir as portas do Brasil para os
imigrantes europeus protestantes. O imperador era um homem culto e queria
pessoas mais cultas no Brasil. Evidentemente, ele queria bases melhores para o
Brasil. E quem poderia condená-lo?
A
MAIOR NAÇÃO PROTESTANTE DO MUNDO: MODELO E ALVO DE ADMIRAÇÃO MUNDIAL
A maior
nação protestante do mundo eram os Estados Unidos, que eram exemplo de avanço,
cultura e poder. No seu apogeu protestante, os EUA eram o maior modelo
republicano para o mundo. Eram um modelo cobiçado e, enquanto todos queriam ir
para os EUA, ninguém tinha semelhança desejo pelo Brasil.
Muito
antes da ameaça comunista, a principal ameaça que os EUA viam eram as políticas
do Vaticano, consideradas traiçoeiras pelos americanos. Em 1867, os EUA
cortaram todas as relações diplomáticas com o Vaticano, depois de uma onda
anticatólica na sociedade americana, especialmente estimulada por rumores de
uma conspiração do Vaticano para assassinar o presidente Abraham Lincoln. As
relações só foram restabelecidas mais de um século depois, em 1984, no governo
de Ronald Reagan, um evangélico conservador que se aliou ao papa João Paulo II
para derrubar o comunismo da União Soviética.
No
passado, a imagem sanguinária da Inquisição permanecia gravada na mente da
América protestante. Mas as relações difíceis com o Estado do Vaticano nunca
impediram os EUA de terem em sua nação liberdade para os católicos, que tinham
o estado de Maryland (terra de Maria), enquanto nos países católicos imperava a
lei da Inquisição. Imperava a cultura da tortura e morte contra os “heréticos.”
Esse império não tinha vez nos EUA.
Não é
surpresa saber então que o primeiro ativista pró-família da
história moderna era americano e protestante.
Hoje,
reconhece-se que os EUA estão em apostasia. Mas coincidência ou não, esse
estado de apostasia foi alcançado num momento histórico em que os protestantes
americanos estão perdendo sua vez e quem está tendo mais vez são os católicos
que chegam da imigração em massa da América Latina. Todos os cristãos que
compõem hoje o Supremo Tribunal dos EUA são católicos, num contraste
surpreendente do início, quando todos os juízes desse tribunal eram
protestantes. Os protestantes foram extintos do mais elevado tribunal
americano.
Supremo Tribunal dos EUA: católico e decadente
|
O perfil
cristão dos EUA hoje é radicalmente diferente do que era duzentos anos atrás.
Na elaboração da exemplar constituição americana no século XVIII, dos 55
constituintes, havia apenas 3 deístas e 2 católicos. Todos os outros eram
evangélicos. A liberdade que os católicos tiveram foi notável, pois na mesma
época os protestantes do Brasil — se é que havia — não teriam liberdade nem de
dizer quem eram, muito menos participar da elaboração de uma constituição.
A
diferença entre as bases “civilizacionais católicas” do Brasil e o
protestantismo tolerante dos EUA era a diferença entre trevas e luz cultural,
liberdade e escravidão cultural. Ser católico na América protestante do século
XVIII era a prova da cultura tolerante dos EUA. Ser protestante no Brasil
católico do século XVIII era risco certeiro de vida.
A
apostasia que os EUA enfrentam hoje, com o coincidente aumento dos imigrantes
católicos latino-americanos, ocorre por estarem rejeitando o Cristianismo de
vertente protestante, com seus rígidos valores éticos, que tornou sua nação
grande e poderosa.
CNBB:
A MAIOR RESISTÊNCIA AO SOCIALISMO NO BRASIL, DE ACORDO COM O REVISIONISMO
HISTÓRICO DOS FUTUROS CATÓLICOS “CONSERVADORES”
No Brasil,
que de acordo com o colunista do Mídia Sem Máscara está perdendo as “bases
civilizacionais católicas,” o que aconteceria se “limpassem” a nação brasileira
dos homens, mulheres e crianças que ele chama de “cátaros” modernos? Há uma
grande maioria católica no Congresso Nacional, mas a principal resistência ao
aborto e à agenda gay ali é católica? Não. É a Frente Parlamentar Evangélica.
Que tal um Brasil sem essa resistência?
Parece que
pelo fato de terem de sustentar uma instituição humana (a Igreja Católica) como
santa e imaculada, muitos católicos não conseguem aceitar erros e até crimes
cometidos em nome da instituição. A Inquisição é só um exemplo. Claro que os
deslizes do papa atual nas questões pró-vida não se igualam aos crimes da
Inquisição. Mas mostram a dificuldade dos católicos em aceitar a realidade de
um papa e uma instituição que são dotados de humanidade e cometem atos próprios
dessa humanidade caída.
Se até
alguns (não todos) colunistas do Mídia Sem Máscara, que se julgam católicos
conservadores, não conseguem aceitar que a Inquisição foi criminosa, como
aceitarão um papa pendendo para a esquerda?
A cegueira
religiosa é tanta que séculos no futuro poderão dizer, num surpreendente
revisionismo histórico da Igreja Católica no Brasil, que a maior resistência ao
esquerdismo de nossa época, com toda a sua carga de cultura da morte, foi a
maior instituição católica brasileira: a Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB).
Mas até
lá, nenhum de nós estará vivo para dizer a verdade: a CNBB foi a grande
responsável pela criação do PT, que foi o principal responsável, juntamente com
outros aliados esquerdistas, pelo socialismo e pela implantação da cultura da
morte no Brasil.
Sob o
reinado da CNBB, a maioria das paróquias do Brasil vive o catolicismo da
Teologia da Libertação. Tudo isso será apagado da história como mera difamação
dos protestantes contra a Igreja Católica, apenas para preservar a honra da
instituição? Alguns católicos “conservadores,” já habituados a negar os crimes
da Inquisição e que se acham mais “católicos” do que o papa João Paulo II,
entrarão no período da negação com relação à ativa participação da CNBB na
implantação do socialismo no Brasil?
UMA
PALAVRA FINAL
Eu tenho o
posicionamento dos protestantes americanos durante o apogeu protestante dos
EUA. Eles davam liberdade para os católicos nos EUA, mas tinham justificadas
suspeitas da instituição católica, especialmente por causa de sua tenebrosa
Inquisição.
O que
quero dizer é que a Igreja Evangélica salva e a Igreja Católica não? Não. Só
Jesus Cristo salva. Mesmo com todo o progresso cultural maior dos EUA em seu
apogeu protestante, reconheço que o protestantismo não salva, não cura e não
liberta. Só Jesus Cristo faz isso. Mas é inegável que com a Peste Negra da
Inquisição, o protestantismo ofereceu o melhor reduto para a liberdade de
expressão e culto a Deus.
Jesus
Cristo não fundou nenhuma instituição humana e muito menos uma “Santa”
Inquisição para torturar e matar na fogueira os que não aceitassem seus
ensinos. Mas a Inquisição fez muito mais do que isso: torturou e matou os
próprios seguidores de Jesus, cumprindo suas próprias palavras:
“Tenho lhes dito essas coisas para preparar vocês para tempos difíceis a
frente. Eles vão expulsar vocês dos lugares de reuniões. Chegará até mesmo a
época em que qualquer um que matar vocês achará que está fazendo um favor a
Deus. Eles farão essas coisas porque realmente nunca entenderam o Pai.” (João
16:1-3 A Mensagem)
Vou continuar
respeitando meus colegas articulistas católicos do Mídia Sem Máscara que
admiram ou desculpam a Inquisição, ainda que vejam a nós evangélicos como
“cátaros” modernos — dignos de tortura e morte na fogueira. Com a volta da
Inquisição, eu, a bancada evangélica, Silas Malafaia, Marco Feliciano e muitos
outros evangélicos que combatem a cultura da morte seríamos exterminados.
Os
católicos elogiadores da Inquisição realmente querem essa “limpeza”?
É
vergonhoso que enquanto o Brasil está sob grave ameaça marxista, eles estejam
perdendo tempo defendendo uma monstruosidade que os papas modernos têm vergonha
de mencionar. Como querem combater a cultura da morte do socialismo,
homossexualismo e feminismo quando se sentem à vontade com a cultura da tortura
e morte da Inquisição?
Errar nas
prioridades evidencia não só despreparo, mas também falta de maturidade
espiritual. Admirar aquilo que o próprio papa já pediu perdão para todo o mundo
é um pecado torpe e, como disse Jesus, demonstração de que o admirador
realmente nunca entendeu o Pai.
Parece que
o saudosismo da Inquisição é o que resta a quem está totalmente incapacitado de
debater os fundamentos daquilo que diz acreditar. Não é de admirar: a Igreja
Católica, após meio milênio da Reforma, ainda não conseguiu convencer aqueles
que se apegam às Escrituras Sagradas de que seu amontoado de doutrinas
exóticas, como a do purgatório e a de Maria como co-redentora, está livre de
erros absurdos.
Enquanto a
hegemonia cultural da esquerda persiste, e o governo do PT e os globalistas
avançam desenfreadamente na implantação de suas agendas nefastas, alguns
católicos que se consideram conservadores suspiram por ver protestantes em
câmaras de tortura e fogueiras “santas,” colocando suas paixões religiosas sem
base acima do amor a Deus e ao próximo.
Fonte:
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