7
de julho de 2014
O FIM DO APOIO
EVANGÉLICO AMERICANO A ISRAEL?
Como anda o prestígio de Israel entre os evangélicos
do mundo
David Brog
Comentário
de Julio Severo: Este documento, traduzido por mim, traz graves denúncias. A
população evangélica americana, que tradicionalmente era mais a favor de Israel
do que o restante da população evangélica mundial, agora despencou para a posição
minoritária. De acordo com Brog, que dirige nos EUA uma das maiores
organizações pró-Israel, a população evangélica dos EUA apoia hoje menos Israel
do que populações evangélicas de outros países, graças a uma campanha de
propaganda de anos, inicialmente entre protestantes tradicionais, especialmente
presbiterianos, e agora predominante nas grandes conferências evangélicas dos
EUA, inclusive pentecostais. Em vista de que as mudanças na cultura evangélica
dos EUA sempre afetam os evangélicos do Brasil, disponibilizo este artigo para
ajudar o leitor brasileiro a tomar cuidado com a propaganda anti-Israel que
estará vindo nos próximos anos da literatura evangélica americana. Há boa
literatura evangélica pró-Israel nos EUA, mas infelizmente quase nada dela chega
até os brasileiros e as editoras evangélicas do Brasil optam geralmente pelo
lado mais liberal e esquerdista. Leia e divulgue este artigo entre líderes:
Uma mera
década atrás, o sionismo cristão era visto como uma força emergente na política
dos Estados Unidos. Como que saindo do nada, um bloco de cinquenta a cem
milhões de amigos de Israel estava preparado para entrar no debate nacional e
defender o relacionamento entre EUA e Israel por várias gerações futuras. O
amor evangélico por Israel parecia tão sólido que o único debate dentro da
comunidade judaica era se “aceitá-lo” ou não.
Como as
coisas mudam rapidamente. Os dias de certeza de apoio de evangélicos americanos
a Israel já eram. À medida que eles são confrontados com um discurso favorável
aos evangélicos, mas contrário a Israel, mais e mais desses cristãos estão se
voltando contra o Estado judeu. [1]
Há um
precedente preocupante para tal meia-volta. Havia um tempo — antes da guerra de
1967 — em que as principais denominações protestantes [presbiteriana, luterana,
metodista, etc.] estavam entre os apoiadores americanos mais confiáveis de
Israel. Os inimigos de Israel, pois, miraram essas denominações com mensagens
favoráveis aos presbiterianos, luteranos e outros, mas contrárias a Israel. Há
ainda muitos presbiterianos, luteranos e outros que apoiam Israel hoje. Mas no
que se refere a Israel, as grandes denominações protestantes agem em parceria e
bloco em boicotes. E o boicote delas é contra Israel, não o Irã.
Da mesma
maneira, os cristãos palestinos e seus simpatizantes nos EUA estão
vitoriosamente promovendo um discurso cujo objetivo é alcançar a nova geração
de evangélicos e fazê-los se voltar contra Israel. Como consequência, mais
líderes desta geração estão adotando a neutralidade no conflito enquanto outros
estão se tornando críticos categóricos de Israel. À atitude de questionar o
apoio cristão a Israel está rapidamente se tornando um jeito principal de
evangélicos milenistas demonstrarem sua compaixão e independência política. Em
resumo, essa população é alvo.
A Mudança
Não há nada
de novo acerca das campanhas para separar os evangélicos americanos de Israel.
Muitos da facção anti-Israel vêm trabalhando há anos para fazer exatamente
isso. Cristãos palestinos anti-Israel como Sami Awad e Naim Ateek viajam pelos
EUA dizendo aos cristãos americanos como seus “irmãos e irmãs em Cristo” estão
sendo oprimidos pelos judeus de Israel. Evangélicos esquerdistas como Jim
Wallis, Tony Campolo e Serge Duss têm ecoado esse discurso em seu canto do
mundo cristão. Brian e Matt, filhos de Duss, estão trabalhando com afinco para
popularizar as opiniões de seu pai dentro dos campos de filantropia cristã e da
elaboração das políticas do Partido Democrático [partido americano que é
ideologicamente muito parecido com o PT do Brasil], respectivamente.
No entanto,
até dois anos atrás, havia pouca razão para crer que esses indivíduos estavam
influenciando os cristãos que estão fora de seus próprios restritos círculos.
Quase todo líder evangélico importante que assumiu uma postura nessa questão se
manifestou em apoio direto a Israel. Um mundo evangélico de centro-direita não
estava simplesmente aceitando suas orientações políticas de adeptos da
esquerda.
Essa
situação está mudando dramaticamente. A cada mês que passa mais evidências
estão aparecendo de que esses cristãos anti-Israel estão conseguindo de forma
eficaz alcançar evangélicos que não estão na esquerda. Eles estão agora
influenciando a população evangélica em geral. De modo particular, eles estão
penetrando o mundo evangélico em seu ponto fraco: a geração milenista. Esses
jovens crentes (aproximadamente das idades de 18 a 30) estão se rebelando
contra o que percebem como o excessivo literalismo bíblico e conservadorismo de
seus pais. À medida que se esforçam com um vigor renovado para imitar a postura
de Jesus a favor dos oprimidos e discriminados, eles querem decidir por si
mesmos qual lado está sendo oprimido no conflito árabe-israelense.
Quem
conseguir definir primeiro o conflito para esses jovens ganhará aliados para a
vida toda.
Em outubro
de 2010, o Forum Pew sobre Religião e Vida Pública conduziu uma grande pesquisa
de opinião de líderes evangélicos que estiveram no 3º Congresso Lausanne de
Evangelização Mundial na Cidade do Cabo, na África do Sul. Quando lhes fizeram
a pergunta sobre com qual lado do conflito palestino-israelense eles
simpatizavam, esses líderes responderam da seguinte forma:
Todos os
evangélicos (do mundo inteiro)
Simpatizam
com Israel: 34%
Simpatizam
com os palestinos: 11%
Simpatizam
com ambos igualmente: 39%
Evangélicos
dos EUA:
Simpatizam
com Israel: 30%
Simpatizam
com os palestinos: 13%
Simpatizam
com ambos igualmente: 49%
Essa
pesquisa de opinião contém duas revelações chocantes. Mostra que apenas uma
minoria dos evangélicos entrevistados simpatiza principalmente com Israel. E
demonstra que os líderes evangélicos dos EUA têm na realidade menos inclinação
para apoiar Israel do que os líderes evangélicos do mundo todo em geral.
Essas
estatísticas podem significar que o apoio evangélico a Israel jamais foi tão universal
quanto comumente se cria. Mas podem também demonstrar que anos de campanhas de
corpo a corpo em cada igreja realizadas pelos críticos de Israel estavam
começando a dar frutos mesmo antes de sua recente intensificação.
O ano de
2010 foi uma intensificação dramática nas campanhas para dividir os evangélicos
americanos de Israel usando filmes. No período de um ano, não menos que três
grandes documentários foram lançados atacando o apoio cristão a Israel. Claro
que não foram os primeiros filmes anti-Israel a serem produzidos. O que tornou
esses filmes especial foi que o foco deles era desacreditar o apoio cristão a
Israel. Enquanto o filme “Waiting for Armageddon” (Aguardando o Armagedom) de
First Run Features foi produzido e dirigido por uma equipe de documentaristas
seculares, dois outros filmes — “With God on Our Side” (Com Deus do Nosso Lado)
de Rooftop Productions, 2010, e “Little Town of Bethlehem” (Cidadezinha de
Belém) de EthnoGraphic Media, 2010 — foram feitos por cristãos especificamente
para cristãos. “With God on Our Side” foi produzido por Porter Speakman,
ex-ativista da JOCUM (Jovens Com Uma Missão) [2] enquanto “Little Town of
Bethlehem” foi financiado e produzido por Mart Green, presidente do conselho
administrativo da Universidade Oral Roberts e herdeiro da fortuna das lojas de
artesanatos Hobby Lobby.
Esses dois
filmes feitos por cristãos são sofisticadas obras de arte para enganar,
apresentando protagonistas persuasivos vagando devotamente por uma paisagem do
Oriente Médio em que toda violência, agressão e rejeicionismo dos árabes foi
magicamente apagado. Por isso, as medidas de segurança israelenses que eles
encontram pelo caminho — desde o muro de segurança até a presença contínua de
Israel na Margem Ocidental — são experimentadas como perseguições
desconcertantes, que qualquer pessoa decente condenaria.
Mais
recentemente, em novembro de 2013, outro documentário anti-Israel — “The Stones
Cry Out” (As Pedras Clamam) — foi lançado. Como seus predecessores de 2010,
esse documentário especificamente faz sob medida sua mensagem anti-Israel para
uma audiência cristã. O site do filme lamenta: “De modo muito frequente, a
cobertura que os meios de comunicação fazem do conflito na Palestina o retrata
como uma luta entre muçulmanos e judeus.” A meta não muito sutil de “The Stones
Cry Out” é fazer uma nova retratação do conflito como uma luta entre cristãos e
judeus.
“The Stones
Cry Out” começa com a história de Kfar Biram, uma vila cristã árabe na
fronteira de Israel com o Líbano. Israel expulsou os residentes da vila em 1948
a fim de, nas palavras do site do filme, “abrir caminho para os colonizadores
no estado recentemente criado de Israel.” O filme então trata da “expropriação
da Margem Ocidental em 1967” e da situação difícil da moderna Belém, que está
“cercada por um muro.” [3] Como tal linguagem deixa repetidamente claro, os
produtores do filme não criaram uma crítica sutil das políticas de Israel. Eles
produziram em vez disso uma moderna peça da Paixão.
Numa
entrevista sobre o filme, Mitri Raheb, pastor de Belém, resume as mudanças que
estão ocorrendo no mundo evangélico dos EUA:
Não
é um caso sem esperança. A primeira vez que fui aos EUA em 1991, a maioria das
pessoas que encontrei nada sabia sobre a Palestina. Isso mudou muito. Vejo
entre os evangélicos americanos mais abertura aos palestinos. [4]
Raheb está certo
sobre essa abertura. E isso pode ser uma boa coisa se levar a um exame honesto
da questão. Infelizmente, Raheb e seus colegas estão tirando vantagem dessa
abertura ao propagar um discurso unilateral da perseguição judaica aos
cristãos. Isso pode semear muito ódio futuramente.
Sobre universidades e
conferências
A campanha
para deslegitimar Israel nas universidades dos EUA rapidamente avançou de algo
periférico para algo comum. As campanhas de boicote contra Israel que miram
tudo, desde fundos de pensão universitária até os produtos das lanchonetes, se
tornaram muito conhecidas. Mas o que muitos observadores não
compreendem é que a campanha para demonizar Israel está também sendo feita em
universidades evangélicas dos EUA.
Talvez o
exemplo mais preocupante venha da Faculdade Wheaton em Illinois, comumente
mencionada como a “Harvard evangélica.” Alguns dos mais proeminentes líderes
evangélicos dos EUA se formaram em Wheaton, inclusive o Rev. Billy Graham, o
senador Dan Coats e Michael Gerson, ex-escritor de discursos de George W. Bush.
Wheaton
também abriga Gary Burge, um dos mais proeminentes evangélicos anti-Israel dos
EUA. Burge viaja pelos EUA e o mundo acusando Israel dos piores crimes e se
engajando em zombarias ao judaísmo que beiram o antissemitismo. [5] Quando a entidade Cristãos
Unidos por Israel (CUPI) anunciou planos de realizar um evento em Wheaton em
janeiro de 2009, Burge partiu para a ofensiva. Os membros estudantis de CUPI
sofreram pressões tão intensas que mudaram o evento para fora da faculdade: Não
haveria nenhum evento pró-Israel na Harvard evangélica.
Outra grande
instituição educacional evangélica nos EUA é a Universidade Oral Roberts (UOR),
que tem profundas raízes cristãs conservadoras. O próprio Oral Roberts era um
televangelista pentecostal e forte amigo de Israel. Alguns dos principais
pregadores dos EUA se formaram na UOR, e seu conselho de administração já teve
tais pastores pró-Israel como John Hagee, Kenneth Copeland e Bishop Keith
Butler.
Mas as
coisas estão mudando na UOR. O atual presidente do conselho administrativo da
UOR é Mart Green, que foi mencionado acima. Ele teria “salvo” a UOR injetando
70 milhões de dólares. Em janeiro de 2013, o conselho administrativo da UOR
elegeu Billy Wilson como novo presidente da universidade; poucos meses depois, Wilson
foi escolhido como palestrante em 2014 na principal conferência cristã
anti-Israel do mundo, a “Christ at the Checkpoint” (Cristo no Posto de
Controle).
A
Universidade Bethel em Minnesota fornece um exemplo adicional. Embora essa
universidade não tenha a reputação nacional da Wheaton ou UOR, provavelmente
representa mais a direção que as universidades evangélicas dos EUA estão
tomando. Os líderes da Bethel não estão nem liderando nem financiando a
campanha para deslegitimar Israel, mas são meramente o produto disso tudo. Como
muitas universidades evangélicas, a Bethel frisa reconciliação racial e
abertura cultural e tem assim desenvolvido numerosas oportunidades para seus
estudantes estudarem no exterior. Em 2010, Jay Barnes, presidente da Bethel, e
sua esposa Barb visitaram Israel e a Autoridade Palestina para explorar a
possibilidade de fazer um programa de estudo no exterior ali. Durante a viagem,
eles visitaram Belém e foram expostos ao discurso evangélico anti-Israel
padrão. Como muitos outros americanos que viajam para lá, ao que tudo indica
Barb Barnes aceitou a apresentação unilateral. Logo após sua volta, Barnes
postou um poema no site da universidade que resumia os principais temas
anti-Israel dessa viagem:
Um
conflito inacreditável existe na terra do nascimento de Jesus. Creio que Deus
está chorando.
O
muro [6] lembra constantemente muitas liberdades perdidas. Creio que Deus está
chorando.
Por
mais de 60 anos, as pessoas têm vivido em pobreza nos campos de refugiado.
Creio que Deus está chorando.
Extrema
distribuição desproporcional de recursos, como água, existe. Creio que Deus
está chorando.
Centenas
de vilas têm sido demolidas para dar espaço para assentamentos. Creio que Deus
está chorando.
Violações
de direitos humanos ocorrem diariamente. Creio que Deus está chorando.
A
população cristã está diminuindo, pois muitos estão partindo para evitar
perseguição. Creio que Deus está chorando. [7]
A visita dos
Barnes motivou um estudo adicional que no final rendeu uma compreensão mais
sutil. Em outubro de 2012, o presidente Barnes realizou um evento chamado
“Esperança para a Terra Santa” na Bethel. O evento tinha um discurso
unilateral, culpando Israel por tudo, e trouxe como palestrantes Sami Awad,
Lynn Hybels e outros antigos críticos evangélicos de Israel.
Não é
preciso ser um estudante para ser exposto a esses discursos anti-Israel. Em
anos recentes, o número de conferências cristãs focando inteira ou parcialmente
em criticar Israel vem crescendo, juntamente com o número de participantes.
Desde sua
fundação em 1979, o Colégio Bíblico de Belém na Margem Ocidental vem sendo uma
fonte principal de discursos cristãos anti-Israel. Em 2010, esse colégio lançou
uma conferência que ocorre a cada dois anos chamada “Christ at the Checkpoint”
(Cristo no Posto de Controle). O nome da conferência junto com uma foto do muro
de segurança de Israel que forma seu lema apelam para a ideia cada vez mais
propagandeada de que Jesus era um palestino que estaria sofrendo debaixo da
ocupação israelense hoje tanto quanto ele sofreu debaixo da ocupação romana
dois mil anos atrás.
Em 2010, a
conferência reuniu 250 líderes cristãos e ativistas em Belém; em 2012, esse
número foi mais que 600, inclusive tais líderes evangélicos populares como o
Pr. Joel Hunter e Lynne Hybels, esposa do pastor de mega-igreja Bill Hybels,
que desde então se tornou um dos principais críticos de Israel.
Os dias em
que tínhamos de viajar até Belém para ouvir tais vozes anti-Israel terminaram.
O discurso anti-Israel de “Christ at the Checkpoint” está agora sendo
disseminado em grandes conferências cristãs nos Estados Unidos, inclusive os
eventos organizados por Empowered21 e Catalyst.
Empowered21,
a proeminente conferência de cristãos pentecostais e carismáticos, fornece um
exemplo preocupante dessa tendência. [8] Sua liderança inclui famosos líderes
pentecostais e carismáticos do mundo inteiro, inclusive muitos amigos de longa
data de Israel. Entretanto, o principal crítico de Israel entre esses líderes,
Mart Green, parece estar desempenhando um papel descomunal em acertar a agenda
da conferência: Sua conferência de 2012 na Virgínia incluiu uma palestra de
Sami Awad e uma exibição do filme de Green, “Little Town of Bethlehem”
(Cidadezinha de Belém).
Empowered21
anunciou que realizará seu congresso mundial de 2015 em Jerusalém. Considerando
as conexões da conferência com Sami Awad e Mart Green, há certo ceticismo se a
intenção da escolha do local foi um sinal de solidariedade a Israel. Só o tempo
dirá se a liderança dessa organização permitirá que a conferência se torne uma
festa cujo único objetivo é criticar Israel.
Eventos
preocupantes estão também acontecendo na conferência anual Catalyst.
Inicialmente lançada em 1999, Catalyst rapidamente cresceu e hoje é o maior
encontro de líderes evangélicos jovens dos Estados Unidos com mais de 100.000
líderes anualmente viajando para Atlanta para participar dessa conferência
desde seu começo. Eventos adicionais de Catalyst estão agora sendo realizados
na Florida, Texas e Califórnia.
No passado,
Catalyst cuidadosamente evitava discussões acerca do conflito árabe-israelense.
Em 2012, porém, Lynne Hybels foi convidada para dar a palestra “Pacificação em
Israel/Palestina.” Ninguém falou nada sobre apresentar uma perspectiva
pró-Israel. Como o jornalista Jim Fletcher observou depois de ir a Catalyst
2012:
Em dezenas
de conversas casuais, notei que cristãos milenistas… expressavam solidariedade
aos palestinos e raiva de Israel. Essa é uma mudança sísmica nas igrejas
evangélicas dos EUA e uma ameaça grave a uma área que tradicionalmente sempre
apoiou Israel. [9]
Além de dar
palestras em grandes conferências, palestrantes anti-Israel como Burge, Awad,
Hybels e Stephen Sizer fazem turnês nas igrejas dos EUA. O folheto de uma
palestra de Burge de setembro de 2013 dá um senso do clima nesses eventos. [10]
Intitulado “Sionismo Cristão: Um Problema com uma Solução,” o folheto inclui
uma sequência de três mentiras que formam a base principal do novo
antissionismo cristão:
Os
sionistas em Israel criaram um estado que quer pureza racial. Muitos sionistas
querem que os cristãos que nasceram em Israel partam de Israel. Os sionistas
cristãos nos EUA apoiam Israel porque acreditam que isso acelerará a segunda
vinda de Cristo.
Viagens a
“Israel/Palestina”
Um número
crescente de organizações está levando um número crescente de líderes,
influenciadores e estudantes evangélicos para visitar “Israel/Palestina.” Essas
viagens são muito comercializadas e buscam evangélicos das grandes denominações
afirmando serem a favor tanto dos israelenses quanto dos palestinos — ou
simplesmente “pró-pessoas” —, mas nunca anti-Israel. Contudo, essas viagens tendem
a focar no sofrimento palestino e culpar apenas Israel por esse sofrimento.
O Grupo
Telos, fundado em 2009 e financiado por George Soros[11], representa bem essas
novas organizações. Dirigida por uma equipe inteligente que professa ter uma
agenda moderada, Telos se promove como “uma das principais organizações do
emergente movimento pró-Israel, pró-Palestina, pró-EUA, pró-paz dos EUA.” [12]
Suas viagens levam os visitantes tanto a Israel quanto à Autoridade Palestina
onde eles se encontram com israelenses e palestinos. O que poderia ser mais
imparcial?
Entretanto,
essas viagens são cuidadosamente calibradas para ensinar seus participantes que
as políticas israelenses são a fonte do sofrimento israelense e árabe e a única
barreira para a paz. Os palestrantes palestinos incluem críticos extremos de
Israel tais como Mitri Raheb e o arcebispo Elias Chacour (ambos mostrados de
forma proeminente no filme “The Stones Cry Out”). Os palestrantes israelenses,
embora não sejam tão radicais, são defensores incondicionais da extrema
Esquerda que de forma semelhante culpam Israel pelos problemas da região. Uma
breve visita a um direitista israelense — geralmente um colono — faz mais para
confirmar esse discurso unilateral do que desafiá-lo. Telos organiza
aproximadamente quinze dessas viagens a cada ano. [13]
Outra
chegada recente na cena é o Projeto de Imersão Global. Fundado em 2011, o
projeto busca “cultivar pacificadores comuns por meio de imersão em conflito
global.” [14] Mas até agora, o único conflito que eles estudam é o conflito
entre Israel e palestinos, e as únicas viagens que fazem são para
“Israel/Palestina.” Em 2014, eles têm dois “laboratórios de ensino” programados
na Terra Santa.
Esses
recém-chegados se juntaram a um antigo defensor irredutível do movimento, a
Fundação Terra Santa. Fundada em 1998 pelo ativista cristão palestino Sami
Awad, essa organização afirma promover soluções não violentas para o conflito
com Israel. No entanto, Awad já declarou muito claramente em seu blog que a não
violência “não substitui a luta armada. Esse não é um método de normalização
com a ocupação [israelense]. Nossa meta é reviver a resistência popular até que
toda pessoa se envolva no desmantelamento da ocupação [israelense].” [15] A
Fundação Terra Santa promove uma versão fortemente tendenciosa da história na
qual só Israel é culpado da ausência da paz. Essa fundação dissemina essa
mensagem para os que visitam seus vários projetos de serviço, iniciativa de
colheita de oliva e “Encontro de Verão na Palestina.” [16]
A Divisão das Gerações
Apesar
desses avanços preocupantes, é improvável que uma geração mais velha de
evangélicos americanos criada para apoiar Israel abandonará esse apoio em
massa. A maior ameaça vem da geração de americanos mais jovens que nunca
desenvolveu tais vínculos e parece bastante ansiosa para questioná-los. Há um
perigo real de que esses ataques de filmes, conferências e universidades
combinarão para criar uma mudança entre gerações no que se refere a atitudes
para com Israel.
A maioria
dos evangélicos que dominou o ativismo político cristão nas décadas passadas —
homens como Jerry Falwell, Pat Robertson e Francis Schaeffer — eram apoiadores
explícitos de Israel. Embora seus filhos compartilhem essa perspectiva, eles
tendem a falar dela menos. Aliás, Frank, o filho de Francis Schaeffer, se
tornou um crítico estridente da “influência, em grande parte sem oposição, do
sionismo cristão.” [17]
Para piorar
tudo, há um grupo de estrelas evangélicas jovens emergentes que fazem viagens a
Israel e a Autoridade Palestina e depois voltam para promover a ideia de que
seus irmãos evangélicos precisam se afastar do Estado judeu. Esse é um bando em
grande parte muito bem vestido dedicado a comercializar o Cristianismo a uma
geração cética tornando-o bacana, compassivo e menos descaradamente político.
Questionar o apoio a Israel e expressar simpatia aos palestinos está
rapidamente se tornando a marca registrada dessa turma.
Essa divisão
entre gerações é destacada melhor pelo exemplo do empresário editorial cristão
Steven Strang e seu filho Cameron. Steven Strang publica Charisma,
uma das principais revistas evangélicas mensais dos EUA com uma perspectiva
firmemente a favor de Israel. Ele tem também publicado obras de muitos
escritores cristãos proeminentes, inclusive John Hagee, um defensor
incondicional de Israel. Strang era, até recentemente, diretor regional de
Cristãos Unidos por Israel. Seu filho Cameron publica Relevant, uma
revista muito popular entre evangélicos milenistas, afirmando “alcançar cerca
de 2.300.000 de cristãos entre as idades de 20 e 30 anos por mês” por meio de
suas publicações impressas e online. [18]
Menos de uma
década atrás, Relevant era tão pró-Israel quanto a Charisma.
Em dezembro de 2005, por exemplo, Relevant publicou um forte
artigo pró-Israel intitulado “Israel: Por Que Você Deveria se Importar.” Em
2006, Relevant me entrevistou para seu programa semanal de
podcast, e a entrevista foi muito amistosa.
Então Lynne
Hybels levou Cameron Strang para visitar Israel e os territórios palestinos, e
tudo mudou. Durante a Operação Chumbo Fundido de 2008-2009 em Gaza, Relevant publicou
um artigo intitulado “Será que Israel Está Sempre Certo?” em que o autor
dispensou uma análise equilibrada de operações urbanas antiterrorismo para
concluir: “Quando examino as escolhas de Israel como eu examinaria as escolhas
de qualquer outra nação, me vejo pasmo que eles não estão fazendo mais para
proteger os inocentes [em Gaza].” [19]
Quando
Israel confrontou o Hamas de novo em novembro de 2012, Relevant publicou
um artigo intitulado: “Como os Cristãos Devem Responder à Crise no Oriente
Médio,” escrito por Jon Huckins, co-fundador do Projeto Imersão Global. O
artigo foi um exercício prolongado de relativismo moral, comentando o
sofrimento de cada lado sem atribuir culpa. Huckins nem uma vez criticou o
Hamas, mas desferiu um ataque velado aos sionistas cristãos detonando a
“resposta violenta e o racismo, a estereotipação odiosa [aos eventos em Gaza]
sendo disseminados por cristãos.”[20]
A capa da
edição de maio/junho de 2012 de Relevant destacou Donald
Miller, autor do livro “Blue Like Jazz” (2003), best-seller no jornalNew
York Times, que virou filme em 2012. Em agosto de 2008, Miller fez a oração
de encerramento da primeira noite da Convenção Nacional do Partido Democrático
[um partido em grande parte abortista e homossexualista, semelhante ao PT do
Brasil]. Ele é considerado uma estrela em ascensão entre os evangélicos de 20
anos de idade nos EUA que compõem muitos de seus 189.000 seguidores de Twitter.
Miller visitou Israel e os territórios palestinos com Strang e desde então abraçou
o discurso anti-Israel. Em 12 de novembro de 2012, Miller publicou em seu blog:
“A Verdade Dolorosa sobre a Situação em Israel.”[21] Aí ele repetiu várias
mentiras escandalosas acerca de Israel que provavelmente ele ouviu durante sua
visita:
Em setembro
um grupo de jornalistas e eu visitamos Israel e ficamos num monte que dá para
um muro que separa Israel de Gaza. De nossa perspectiva, conseguíamos ver o
território polêmico em que 1,6 milhão de palestinos foram encurralados e
isolados do mundo exterior. Eles estão, em essência, presos.
Os muros
erguidos ao redor da Margem Ocidental e de Gaza separam famílias de famílias.
Muitas mães não verão seus filhos de novo. Milhões jamais voltarão aos lares
que suas famílias haviam ocupado por centenas de anos… Milhares de estudantes
palestinos em universidades americanas jamais verão suas famílias de novo.
Israel dá
água fresca aos palestinos apenas uma vez por semana… Em Gaza, Israel também
raciona sua comida, permitindo apenas determinada quantidade de calorias por
ser humano.
A Resposta
Congele o
tempo, e o lado pró-Israel está ainda bem à frente na batalha pelos corações e
mentes dos evangélicos dos EUA. Só uma organização pró-Israel, Cristãos Unidos
por Israel, tem mais de 1,6 milhão de membros, filiais em mais de 120
faculdades e universidades, e patrocina trinta e cinco eventos pró-Israel nos
EUA a cada mês.[22] Os cristãos anti-Israel não chegam nem perto de se comparar
ao tamanho, atividade ou influência de CUPI.
Mas as
tendências de longo prazo estão agora vindo em foco suficiente para discernir
um desafio. Os cristãos anti-Israel estão com sorte. Embora sejam numericamente
poucos, esses ativistas parecem receber muito dinheiro. Eles estão conquistando
muito mais líderes e influenciadores para sua causa do que o lado pró-Israel.
Embora esses sejam aliados criados recentemente, eles estão alcançando uma rede
de evangélicos que não para de crescer nos EUA.
A ameaça não
é que esses ativistas transformarão a maioria dos evangélicos americanos em
odiadores de Israel. Eles nem precisam fazer isso. O perigo real é que eles
ensinarão seus irmãos evangélicos um relativismo moral que os neutralizará. O
dia em que Israel for visto como equivalente moral do Hamas será o dia em que a
população evangélica americana — e por extensão os líderes políticos que ela
ajuda a eleger — vão parar de dar a Israel qualquer apoio significativo.
Os que
rejeitam tal simplista equivalência moral precisam levar essa ameaça a sério.
Eles não podem deixar a população evangélica americana seguir o caminho dos
líderes das grandes denominações protestantes dos EUA. Eles não devem esquecer
que grandes mentiras precisam ser confrontadas cedo e muitas vezes. E eles não
devem ignorar o fato de que os inimigos de Israel estão dizendo mentiras muito
grandes para alguns cristãos muito influentes — e dizendo-as com muita
eloquência.
David Brog, diretor-executivo de Cristãos
Unidos por Israel, é o autor de In Defense of Faith: The Judeo-Christian Idea and the
Struggle for Humanity (Encounter, 2010).
[1] O termo “anti-Israel” não se refere
meramente a criticar Israel; quase todo cidadão israelense faz isso numa base
diária. Seu uso aqui significa contar uma versão unilateral da história na qual
só Israel é culpado pelo sofrimento palestino, tal como condenar frequentemente
as medidas de segurança israelenses sem uma discussão séria da violência que os
requer.
[2] JOCUM é um movimento popular de
jovens evangélicos liderado por evangélicos tradicionais pró-Israel.
[3] “About the Film,” The Stones Cry
Out website, filme de Yasmine Perni, acessado em 27 de janeiro de 2014.
[4] Graham Liddell, “New Documentary
Challenges Evangelical Bonds with Israel,” Ma’an News Agency (Bethlehem), 30 de
outubro de 2013.
[5] “Israeli Jews: The Impossible
People at Christ at the Checkpoint,” CAMERA, Boston, 11 de abril de 2012.
[6] Israel's security fence.Muro de
segurança de Israel.
[7] “Reflections on Our Trip to
Israel,” Just Jay Blog, Universidade Bethel, St. Paul, Minn., 29 de junho de
2010.
[8] Os termos “pentecostal” e
“carismático” se referem a dois ramos crescentes e coincidentes do mundo
evangélico caracterizados por adoração animada, inclusive falar em línguas e
outros “dons do Espírito” bem como uma tendência ao literalismo bíblico.
[9] Jan Markell, “When Social Justice
Equals No Justice,” World Net Daily, 19 de outubro de 2012.
[10] Presentation by Abraham's
Children, First Presbyterian Church, Wheaton, Ill., 23 de setembro de 2013.
[11] Alexander H. Joffe, “Bad
Investment: The Philanthropy of George Soros and the Arab-Israeli Conflict,”
NGO Monitor, Jerusalem, Maio 2013, p. 50.
[12] “Our Story,” Telos Group,
Washington, D.C., accessado em 27 de janeiro de 2014.
[13] McKay Coppins, “New Evangelical
Movement Seeks Split from Pro-Israel Line,” Buzzfeed, 14 de janeiro de 2014.
[14] “Curious what our Learning Labs
are all about?” Global Immersion Project, Walnut Creek, Calif., 12 de setembro
de 2013.
[15] Sami Awad, “Nonviolent Resistance:
Wake up every day and ask yourself what you can do to resist the occupation,”
Holy Land Trust, Belém, 23 de janeiro de 2007.
[16] “Travel & Encounter,” Holy
Land Trust, Belém, accessado em 6 de fevereiro de 2014.
[17] Frank Schaeffer, “With God on Our
Side—Christian Zionism Exposed,” The Huffington Post, 9 de novembro de 2010.
[18] “The Relevant Story,” Relevant
(Winter Park, Fla.), accessado em 27 de janeiro de 2014.
[19] Ed Gungor, “Is Israel Always
Right?” Relevant, 20 de janeiro de 2009.
[20] Jon Huckins, “How Should
Christians Respond to the Middle East Crisis,” Relevant, 19 de novembro de
2012.
[21] Donald Miller, “The Painful Truth
about the Situation in Israel,” Storyline Blog, Nov. 2012.
[22] Estatísticas compiladas por
Cristãos Unidos por Israel, San Antonio, Fev. 2014.
Traduzido por Julio Severo do artigo do Middle East
Forum: The End of Evangelical Support for Israel?
Fonte: www.juliosevero.com
Leitura recomendada:
OBSERVAÇÃO: OREMOS POR ISRAEL.
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