EVANGÉLICOS
CRESCEM 45% ENTRE ELEIÇÕES DE 2010 E 2014
O número de
candidatos "abertamente evangélicos" na disputa eleitoral cresceu 45%
em quatro anos no Brasil. No pleito de 2010, eram 226 e, neste ano, somam 328.
Um mapeamento realizado pelo Broadcast Político com dados oficiais do Tribunal
Superior Eleitoral buscou candidatos que usam, no nome que aparece na urna
eletrônica, referências explícitas a religiões protestantes -
"pastor", "bispo" e "missionário".
A expansão
desses candidatos é superior ao aumento de candidaturas entre as duas eleições,
que foi de 12,5%. Houve ainda um aumento na participação dos "candidatos
evangélicos" no total de postulantes. Em 2010, eles representavam 1,0% do
total e, em 2014, são 1,29%.
Segundo o
censo do IBGE, os evangélicos somavam 22,4% da população brasileira em 2010, e os
católicos, 65%. Mas a quantidade maior de fiéis do catolicismo não se reflete
no universo de candidatos. Em 2014, dos que disputam algum cargo político,
apenas 21 se identifica como padres no nome da urna, 15 vezes menos do que os
328 pastores, bispos e missionários evangélicos.
Para o
professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade
Metodista Dario Rivera, uma explicação para o crescimento de candidatos
abertamente evangélicos nas eleições é a crença pentecostal de que uma de suas
missões é a prática política - não apenas em lugares secundários, mas como
protagonista.
Influência
na votação
Segundo
Rivera, o discurso dessas denominações religiosas tem tons messiânicos.
"Muito se fala no ''estou fazendo porque Deus me mandou e estou certo de
que vou ganhar''", afirma o especialista. Para ele, a presença de várias
igrejas na mídia - com pregações transmitidas em diversos canais de TV - cria
ou orienta um volume significativo de votos. Ele cita ainda que as lideranças
pentecostais articulam alianças políticas em nome das instituições religiosas,
o que não acontece na Igreja Católica, por exemplo. Este grau de formalização
de apoio político por parte dos evangélicos também pesa na decisão de voto dos
fiéis.
Presidente
do Conselho de Pastores do Brasil e apresentador de programas evangélicos,
Silas Malafaia relativiza o poder dos líderes de influenciar as escolhas
eleitorais dos fiéis. "Ninguém tem influência total sobre o povo",
afirmou ao Broadcast Político.
Atuação no
Congresso. Grande parte dos parlamentares do Partido Social Cristão (PSC), do
deputado Marco Feliciano e do presidenciável Pastor Everaldo, é ligada à
bancada evangélica. Nesta eleição, a legenda quer dobrar a bancada e atingir
cerca de 35 deputados com a ajuda de uma votação expressiva do ex-presidente da
Comissão de Direitos Humanos.
Segundo
Malafaia, os cerca de 70 integrantes da bancada evangélica estão espalhados por
quase todos os partidos, unidos por causas, mas sem uma centralização de
decisões. "A bancada evangélica não se reúne para dizer: vamos eleger
''x'' deputados. Não há uma coisa planejada, não temos papa, temos
líderes".
Para
Malafaia, a bancada vai continuar atuando em temas como o aborto e a união
civil homoafetiva, provavelmente com mais força que antes. "Política é
poder. Se aumentar em número, aumenta o poder e a influência.
É como dois e
dois são quatro".
Na avaliação
do líder religioso, além do aumento do número de políticos evangélicos eleitos,
é importante que eles continuem vindos de diversos partidos para evitar que
determinada legenda fique marcada como "partido de igreja".
"Lugar de evangélico é na sociedade, como qualquer cidadão. Temos que
estar influenciando em todos os cantos", comentou. "Qualquer um que
propuser partido evangélico, eu meto chumbo grosso".
Fonte: http://exame.abril.com.br/geral/noticias/evangelicos-crescem-45-entre-eleicoes-de-2010-e-2014
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