Líderes da Igreja
chinesa não esperam por grandes mudanças após o resultado das eleições.
"Enquanto nós nos comunicamos bem com o governo, só queremos que eles nos
deixem em paz", expressa o líder de uma igreja não registrada. Essa é a
opinião de muitos de seus colegas. "Todos os contatos da Portas Abertas
nos passam essa mesma mensagem", acrescenta Yun.
Xiao Yun continou:
"Os líderes do Partido Comunista não são democratas. Eles querem
permanecer no poder, mesmo depois de deixar sua posição oficial. Isso significa
que eles se certificam de selecionar sucessores que tenham a mesma visão que
eles. Por exemplo: havia um político que foi preso por acusações de corrupção. Quando
Bo Xilai tornou-se prefeito de Chongqing, ele utilizou um modelo comunista em
sua maneira de governar. Ele era um membro candidato para o Politburo, mas era
corrupto e queria voltar aos velhos tempos do comunismo. Os líderes entenderam
que ele precisava ser interrompido e, por isso, ele não foi eleito. Portanto,
não há razão para supor que os novos líderes devam interromper o caminho pelo
qual a China está percorrendo".
Esse caminho conduz para novas políticas que visam
fortalecer a economia, promover medidas contra a corrupção e, em pequena
escala, estabelecer reformas no âmbito político. "Ao olhar para a China
durante um período de dez anos, é possível perceber mudanças drásticas. Mas, de
ano para ano, as transformações não são tão grandes", explica Yun.
"Por enquanto, a Igreja chinesa espera poder continuar crescendo em
tamanho e em profundidade. O governo deve se manter vigilante, isso é certo,
mas a opressão severa é algo do passado. Eu gosto de dizer que o governo está
melhorando, mas, por outro lado, ainda há alguns cristãos na prisão por causa
de sua fé. Seguidores de Jesus estão entre os 400 grupos minoritários
(oficialmente classificados em 56 categorias) que ainda são perseguidos pela
sociedade e, por vezes, pelo governo."
A maioria dos cristãos, no entanto, experimenta essa
liberdade crescente. De acordo com líderes de igrejas não registradas, o
materialismo é, hoje, uma ameaça muito maior para o cristianismo do que a
perseguição.
Efeito
nas Igrejas em todo o mundo
O
crescimento da Igreja e a possibilidade de diálogo com o governo não faz a mudança de liderança da China insignificante
para os cristãos. Na verdade, talvez mais do que os seus antecessores, Xi e seu
regime podem afetar a Igreja em todo o mundo. Desde a década de 1990, a China
tem expandido gradualmente a sua influência no exterior e se tornou um jogador
importante na arena política. Através da diplomacia e de investimentos, o país
tem garantido recursos naturais e construído alianças com regimes, muitas
vezes, questionáveis, como o presidente do Sudão, Omar al-Bashir e a junta de
Mianmar.
A China pode ter passado por grandes mudanças nos
últimos 30 anos, mas ainda não é uma democracia e nem quer se tornar uma. De
fato, supostamente, o regime tem pesquisado as revoluções no mundo árabe com o
objetivo de evitar algo semelhante no país. Estabilidade e crescimento
econômico são os valores centrais da China. E isso pode ser um exemplo para
outros países onde os direitos humanos são violados e os cristãos são
perseguidos. A forma como a China lida com minorias, opositores políticos e
grupos religiosos podem ser copiada - pelo menos até certo ponto - em países
como Sudão, Mianmar e até mesmo Coreia do Norte. Autoridades chinesas vão para
países e áreas onde os seus homólogos ocidentais não podem, por causa das
relações diplomáticas e acordos comerciais que a China alcançou.
"Isso significa que a questão não deveria ser:
Como a mudança de liderança afeta a Igreja?", diz Xiao. "A pergunta
certa a se fazer é: Como a Igreja chinesa pode influenciar a liderança do país?
A Revolução Cultural demoliu valores importantes em nossa cultura. As pessoas
estavam acostumadas a cuidar uns dos outros. Agora vivemos em uma sociedade de
sobrevivência. O dinheiro tornou-se o novo presidente, ditando cada aspecto da
vida. A Bíblia tem outros valores para oferecer, como amar um ao outro,
abster-se de imoralidade e ajudar aqueles que se encontra em necessidade. É
responsabilidade da Igreja transmitir esses valores para o povo chinês. Se a
Igreja for capaz de influenciar a nossa sociedade, será capaz de influenciar a
nossa liderança e, assim, todo o mundo. Um dos nossos programas atuais mais
importantes na Portas Abertas concentra-se em ajudar a Igreja na incorporação
de valores cristãos e aqueles que vivem fora. Isso pode mudar a sociedade
chinesa e a nossa liderança. É o melhor que podemos fazer na China para ajudar
nossos irmãos e irmãs que são perseguidos no exterior", concluiu.
*O nome foi alterado para a segurança do cristão
Fonte: http://www.portasabertas.org.br/noticias/
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