Wilma
Rejane
Não
sei se você já esteve em meio a multidão tentando ver alguém famoso. É comum,
pessoas empurrarem e competirem por melhores lugares a fim não
apenas de ver, mas também de ser visto. O encontro de Jesus com Zaqueu se deu
nessas condições. Jesus estava em Jericó e uma multidão O seguia para receber,
ver milagres e disputar Sua atenção. Era praticamente impossível para
alguém de baixa estatura e pouca popularidade, se manter em destaque entre
tantas pessoas. Zaqueu era esse protótipo de homem que se perderia facilmente,
passaria despercebido ou quem sabe, seria pisoteado ao se misturar na multidão.
“E,
tendo Jesus entrado em Jericó, ia passando. E eis que havia ali um homem
chamado Zaqueu; e era este um chefe dos publicanos, e era rico. E procurava ver
quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, pois era de pequena
estatura. E, correndo adiante, subiu a um sicômoro bravo para o ver; porque
havia de passar por ali. E quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima,
viu-o e disse-lhe: Zaqueu desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua
casa. E, apressando-se, desceu, e recebeu-o alegremente. E, vendo todos isto,
murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um homem pecador”. Lucas
19: 1-7
Zaqueu
era um homem muito rico, sua fortuna era resultado de trabalho e também de
fraudes. Era chefe dos publicanos e superfaturava a cobrança de impostos que
fazia para o governo romano. Era judeu, e apesar do prestigio social alcançado
e da incontestável capacidade de liderar, sua presença não era das mais
desejáveis: Um baixinho avarento e ganancioso que em nada se parecia com seu
nome “Zaqueu” no hebraico, uma variação do nome Zacarias, significando
“puro”. Diante do histórico do moço, é provável, que fosse “detonado” pelos
olhares e gestos ao ser notado entre os seguidores de Jesus.
E
como todo líder comercial é dado a estratégias de marketing, Zaqueu não hesita
em planejar uma maneira de ver a Jesus. A passagem Dele em Jericó era um
acontecimento ímpar. Quem era o tão comentado carpinteiro que transformava a
vida das pessoas? Zaqueu queria saber, conhecer de perto. Seria a atitude dele
de fé ou de curiosidade? Eu diria que ambas as coisas. Algo já incomodava o
pequeno publicano, no íntimo. Caso contrário, por que se arriscar tanto? Zaqueu
estava curioso, mas ao mesmo tempo, fora despertado na fé, acreditava ser
Jesus alguém especial capaz de realizar milagres.
E lá
vinha Jesus, cercado de seguidores. Zaqueu corria pelas laterais, fazia
ziguezagues, esticava o pescoço e nada de chegar perto do Mestre. Ele então
corre rapidamente para se adiantar aos demais e sobe em uma figueira brava.
Esse tipo de árvore tem copa farta, muitas folhas e não é tão alta. É
interessante que a figueira escondia a Zaqueu, ele podia ver sem ser
visto. Ao parar embaixo da árvore para falar com Zaqueu, Jesus demonstra
sensibilidade e onisciência. Seu olhar foi muito além dos acontecimentos. As
pessoas devem ter sorrido, zombado do baixinho pendurado no galho, mas a reação
de Jesus é diferente e espanta a todos: “Zaqueu, desce depressa, vou para sua
casa”!
Os
murmurinhos da multidão eram de reprovação: “Como assim, repousar na casa desse
ladrão? Ele não merece essa honra, tem afligido a muitos de nós!”.
Jesus não estava preocupado em ser popular, em agradar a maioria, Ele
queria salvar a Zaqueu, regar a semente de fé que já brotava em seu interior. O
cobrador de impostos deixaria de ser figueira brava, para ser figueira de vide
excelente!
Jeremias
2: 21 Eu mesmo te plantei como vide excelente, da semente mais pura;
Como,
pois, te tornou para mim uma planta degenerada, como de vide brava?
Zaqueu,
o puro, precisava retornar a sua essência e aquele encontro era a chance. Não
sabemos como foi o diálogo de Jesus com Zaqueu no percurso até sua casa, o
certo é que o baixinho fora profundamente marcado. Todos os que buscam Jesus
são de fato, transformados através do diálogo, do encontro. A ordem de Jesus:
“Zaqueu,
desce da figueira” também pode ser traduzida como: “Zaqueu, abandona essa vida,
larga esses métodos corruptos, falhos, esses frutos imprestáveis”.
Posição
social elevada não é requisito de santidade. Status não compra salvação. Ainda
que seja o mais influente dos homens, é preciso se humilhar diante de Deus para
ser exaltado.
“Porquanto
qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se
humilhar será exaltado.” Lucas 14. 11. Desce Zaqueu, deixa à figueira brava!
Jantar
na casa de alguém em Israel era um costume que indicava amizade, cordialidade.
Jesus, ao se oferecer para ir à casa de Zaqueu demonstra todo seu carisma e
pacifismo. Jesus é irresistível como amigo, porque é verdadeiro e sem
preconceitos! Que grande alegria tem em saber que não existe fronteira, muro,
obstáculo de qualquer espécie que impeça Jesus de chegar até nós a não sermos
nós mesmos! Jesus escolhe Zaqueu sem se importar com as criticas. E por
que o escolhe? Porque existia um desejo no coração de Zaqueu em ser
transformado. Ninguém conseguiu ver isso. Para todos, ele era irrecuperável e
merecia mesmo era castigo e desonra. Jesus viu. Nada há que esteja oculto aos
Seus olhos, nem mesmo um pequenino homem acomodado entre a copa de uma
figueira!
E,
levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres
metades dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo
quadruplicado. E disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também
este é filho de Abraão. Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se
havia perdido. Lucas 19:8-10.
A
declaração de Zaqueu é de arrependimento, agora ele conhecia Jesus de fato, não
apenas de vista. Agora Zaqueu era o puro e não o caloteiro. Era
figueira excelente e não a brava (na qual se apoiou a vida inteira). Ele estava
se voluntariando para restituir além do que exigia a lei. Levítico 6:5 “... ou
qualquer coisa sobre que jurou falso; por inteiro o restituirá, e ainda a isso
acrescentará a quinta parte; a quem pertence lhe dará no dia em que trouxer a
sua oferta pela culpa.” Ao invés de restituir um quinto, ele restituiria quatro
vezes mais! È certo que a prática da defraudação não lhe seria mais própria
e aqueles que já haviam sido prejudicados seriam recompensados. Um novo
homem, uma nova vida!
A
vida de Zaqueu e seu encontro com Jesus nos ensinam muitas coisas, entre as
quais:
É preciso buscar um encontro real com
Jesus, não basta ouvir falar ou acompanhar de longe.
A transformação verdadeira do ser
advém desse encontro em que o arrependimento se faz necessário e é consequência
do relacionamento espiritual profundo com Deus.
Ao olhar para Jesus, nossas
limitações são vencidas, obstáculos são superados.
O pecado não é capaz de conduzir a
uma vida de paz.
Obedecer ao chamado de Deus
implica renunciar a práticas antigas.
Jesus capacita os escolhidos para
além do que olhos possam ver e ouvidos ouvir.
Jesus não faz acepção de pessoas.
É verdade, muitos de nós, mesmo
andando com Jesus, desacreditamos na conversão de Zaqueu, figueira brava.
“Descer da figueira”: se humilhar
perante Deus, confessar a culpa, abandonar o mundo.
Zaqueu, cujo nome significa puro,
retorna a essência ao deixar Jesus entrar em seu coração.
O pecado corrompe, Jesus limpa para
sermos quem Ele quer que sejamos.
Escolher obedecer a Deus pode
implicar em frustrar a popularidade.
Deus nos abençoe.
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