quinta-feira, outubro 31, 2013

O RETORNO A PALAVRA DE DEUS


Mestre: Pastor Antônio Gilberto (Foi meu Professor no IBP)

Vale a Pena Ler Esta Entrevista


Consultor teológico e doutrinário da maior igreja evangélica do Brasil, o pastor assembleiano Antônio Gilberto ressalta a essencialidade da Bíblia.


Enquanto aguardam a liberação de uma sala para a entrevista, Antônio Gilberto e o repórter conversam sobre a Igreja Evangélica e assuntos relativos à fé cristã no Brasil. 


O pastor folheia um exemplar de CRISTIANISMO HOJE. “Não há mais muito temor a Deus”, comenta, a respeito do conteúdo de uma reportagem. Ele dá uma olhada pela janela e balbucia como se falasse consigo mesmo: “Quem de nós tem buscado ao Senhor em espírito e em verdade?”. 


Em dado momento, a secretária lhe traz as informações que solicitou sobre um evento. A procura não é tão grande como o esperado. “É impressionante, irmão”, diz. “Antigamente, eram comuns campanhas de oração de uma semana, cultos de consagração que duravam um dia inteiro. Agora, o pessoal não quer orar nem por cinco minutos.”




Não, Antônio Gilberto não vive do passado, embora admita que os tempos idos lhe trouxessem ótimas recordações. É um homem ativo e perspicaz, para quem a chegada dos 80 anos de idade parece ter trazido apenas mais experiência. Sobem com desenvoltura os três lances de escada na sede da Casa Publicadora das Assembléias de Deus (CPAD), no Rio. Ali, ele sente-se mesmo em casa. Respeitado por seu profundo conhecimento das Escrituras, é professor e consultor teológico e doutrinário não só da editora, mas da denominação. Integrante da Diretoria da Convenção Geral das Assembléias de Deus do Brasil (CGADB), é presença certa em seminários e congressos sobre Escola Bíblica Dominical, assunto em que é especialista. “O crente deve estudar, estudar e estudar a Palavra de Deus”, afirma. “Só quem está ao lado da Bíblia pode manter-se espiritualmente de pé.”


Ao longo desta entrevista, por diversas vezes Antônio Gilberto assumiu uma postura de contrição. “Glórias a Deus, irmão, glórias a Deus”, disse, erguendo os braços e fechando os olhos, todas as vezes que foi solicitado a falar acerca de suas realizações na obra do Senhor. Elas não têm sido poucas ao longo dos últimos 65 anos, desde que se converteu ainda adolescente. Casado, com quatro filhos e oito netos, o pastor diz que quer servir ao Senhor enquanto lhe der graça e força. “Minha oração é para permanecer fiel. A fidelidade traz felicidade.”


OLHO1: Se a doutrina cristã for observada com sabedoria, ela certamente levará à prática de bons costumes.


OLHO2: A Igreja neotestamentária, que teme ao Senhor, é necessariamente diferente do mundo. Quando o mundo diz sim, a Igreja diz não. É assim que deve ser


OLHO3: Se esse pacote de leis sobre união civil de homossexuais, legalização do aborto e liberalização de drogas for aprovado, perseguições tremendas virão.


CRISTIANISMO HOJE – Como Está a Assembléia de Deus Hoje, às Portas do Centenário?





ANTÔNIO GILBERTO – Eu digo que ela está caminhando bem, pela graça de Deus. O início de nossa igreja e seu crescimento são provas de que esta obra não pode ser dos homens. Como o trabalho daqueles dois obreiros estrangeiros [N.da Redação: os missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg, oriundos dos Estados Unidos, fundaram a Assembléia de Deus no Pará, em 1911] poderia despertas espiritualmente o país se não fosse pela ação do Espírito Santo? Hoje, a Assembléia de Deus é querida e acatada, tem comunhão com as igrejas coirmãs e é uma referência em sentido geral.


Quantos Membros Tem a Denominação?


É uma pergunta muito difícil de ser respondida, inclusive por causa de seu tamanho. Há mais de quinze anos, fizemos um levantamento amplo. Embora não tenha havido o retorno de todas as informações solicitadas, projetamos com segurança uma membresia da ordem de 11 milhões. O levantamento baseou-se apenas nos membros batizados, sem levar em conta as crianças e os freqüentadores eventuais. Claro que não podemos afirmar este número com rigor científico, mas serve para dar uma noção da amplitude de nossa igreja.


Durante muito tempo, a Assembléia de Deus foi vista como uma igreja conservadora em relação a usos e costumes. Hoje, percebe-se maior liberalidade, sobretudo no contexto urbano. Houve exageros no passado?


Acontece que muitos irmãos e irmãs do passado, com pouco conhecimento do assunto à luz das Escrituras, praticaram excessos, estabelecendo regras individuais e regionais desnecessárias. Usos e costumes bons e santos devem fazer parte do testemunho cristão.


O uso da TV, por exemplo. Dizia-se que o crente não podia assistir à televisão, mas hoje os evangélicos usam-na largamente para anunciar o Evangelho.


Exato. Já se disse que a TV era anátema e pecaminosa. Aqueles irmãos do passado eram sinceros em sua fé, mas a ignorância e o exagero levam ao erro de muitas maneiras. Sabemos também que a mera observação de usos e costumes na igreja, de modo legalista, sem o lastro e a prática da doutrina bíblica, leva o cristão ao farisaísmo, ao legalismo, ao fanatismo religioso, à falsa santidade e à pretensa salvação pelas obras. Só que hoje vem ocorrendo o abandono de bons costumes que têm origem na doutrina cristã.  Hoje, há pessoas que dizem que a Bíblia não trata de costumes. É que a palavra “costume” nem sempre é traduzida pelo emprego deste termo na Bíblia. Se a doutrina bíblica for compreendida e observada com sabedoria e discernimento, ela certamente levará à prática de bons costumes. A doutrina é a garantia de perenidade de qualquer igreja.


Diversas igrejas independentes têm usado o nome “Assembléia de Deus”, mesmo sem qualquer ligação com a CGADB. A denominação cogita alguma medida contra isso?


Quem pode pronunciar-se sobre este ponto é a Direção nacional da igreja. Esses chamados “pentecostais” ou “neopentecostais” lêem a Bíblia, mas não a estudam no sentido estrito deste termo. Eles só querem saber de manifestações humanas, como gritar, rolar, pular, expulsar demônio, praticar exorcismo. É um inominável erro cuidar só de manifestações e não do verdadeiro relacionamento com Deus, aquele que transforma a vida das pessoas. Primeiro, a predominância do Espírito Santo segundo as Escrituras; depois, os efeitos de sua manifestação. No início do movimento neopentecostal no Brasil, por volta dos anos 1960, várias igrejas que surgiram me convidavam para lhes ministrar sobre as doutrinas fundamentais da fé cristã. Esse interesse arrefeceu como é fácil detectar nos seus escritos e programas de rádio e televisão. Esses grupos precisam despertar a tempo para, em primeiro lugar, dar espaço contínuo e amplo ao estudo sistemático da Palavra de Deus. A Assembléia de Deus está correndo o mesmo perigo; muito pouco estudo da Bíblia, priorizando suas doutrinas básicas.  

E Quais São as Doutrinas Básicas Observadas Pela Assembléia de Deus?

O assunto é muito extenso para tratar numa entrevista, mas eu poderia destacar algumas. A inspiração divina da Bíblia, que é específica, única e plenária. Quando o apóstolo João encerrou o Apocalipse e guardou a sua caneta, encerrou-se também, na providência divina, o cânon das Sagradas Escrituras. Sua inspiração é plenária no sentido de que Deus colocou na mente dos santos escritores sagrados não só a ideia ou o conceito da mensagem recebida dele, mas, além disso, guiou-os sobrenaturalmente na escolha das palavras. Também enfatizamos a salvação pela graça divina, quando o homem carente da salvação aproxima-se de Deus pela fé em Cristo. Ninguém tem mérito algum para ser salvo. Ser moralista, caridoso e altruísta é agradável a Deus, mas nada disso leva à salvação. Também cremos no Deus trino e triúno. Essa é uma verdade bíblica e doutrinária que transcende a mente humana, por mais capacitada que ela seja. Nem gênios como Newton e Einstein foram capazes de entender a triunidade de Deus. O que nos cabe é aceitar pela fé o que o Senhor diz na sua Palavra. O Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus. E também várias outras doutrinas fundamentais, como a do pecado, a da santificação, a da volta de Jesus em breve...


A Doutrina do Pecado Não Tem Sido Muito Falada...


O assunto pecado é antipático e tem sido evitado, mas é real, assim como são reais o céu e o inferno. Quem crê em Cristo, segundo as Escrituras, está salvo da condenação eterna; quem não crê, já está condenado. É esse o Evangelho que eu prego com amor; o amor com que Deus nos ama.


Como a Igreja Evangélica Deve Agir Em Face do Mundo?

A Igreja de Jesus – a verdadeira Igreja, aquela que teme ao Senhor e segue a sua Palavra – não pode se coadunar com a filosofia do mundo, que cada vez mais afunda no pecado. A Igreja neotestamentária é necessariamente diferente do mundo; de modo que, no dia em que a Igreja se coadunar com o mundo, e vice-versa, será o fim. Quando o mundo diz sim, a Igreja diz não. É assim que deve ser.


Essa Diferença Tem se Diluído?


Infelizmente, a Igreja está muito mais parecida com o mundo do que deveria. Nós devemos enxergar esse processo como sinal dos tempos – e, sem querer ser pessimista ou negativo, tudo que tem acontecido ao redor do mundo faz parte de um panorama profético. E haverá choques tremendos entre o povo de Deus e o mundo. Veja esse pacote de leis que hoje tramitam no Congresso Nacional e nas Assembléias Legislativas. Refiro-me a temas como a chamada união civil de homossexuais, a legalização do aborto, a descriminalização do uso de drogas hoje ilegais e as restrições ao trabalho de evangelização, entre tantos outros pontos. Mais do que nunca, o crente precisa manter-se fiel. A segunda vinda de Jesus ao mundo é um acontecimento iminente. A qualquer momento, o Senhor virá. Que bom seria se o mundo despertasse para buscar ao Senhor enquanto é tempo!


O Senhor Prevê Uma Perseguição Contra a Igreja no Brasil?


Mas sem dúvida nenhuma. A propósito, eu faço parte de uma comissão em nossa denominação encarregada de redigir posições bíblico-doutrinárias sobre assuntos como união de homossexuais, família, casamento e o divórcio, inclusive o de obreiros. Queremos dar orientação clara ao nosso povo. Estamos nos debruçando sobre isso já prevendo que, se este pacote de leis for aprovado, perseguições tremendas virão, como já tem acontecido aos cristãos em outras partes do globo. Somente uma Igreja neotestamentária, ortodoxa, que teme ao Senhor e respeita a Bíblia no sentido correto, estarão preparados para enfrentar estes novos tempos. A profecia de Daniel, nos capítulos 2 e 7 de seu livro, sem dúvida abarca o que estamos a responder. Tudo começou com “ouro”, mas terminou com “ferro misturado ao barro”. Não haverá inversão disso, como querem os homens que pensam sem Deus. A Palavra do Senhor é fiel e infalível. Há uma degradação crescente e geral no mundo, conforme I João 4.3.  


Esse Panorama de Degradação o Deixa Chocado?


Não, eu não me choco com isso. Vejo tudo como uma advertência espiritual. O Senhor advertiu a todos sobre isso textos como o de Mateus 24. O mundo está posto no maligno. Todas as instituições seculares sofrem com a influência e ação malignas. Não estou dizendo que todas as pessoas que não conhecem o Senhor agem deliberadamente de má-fé. Mas o secularismo da sociedade as afasta de Deus. E neste contexto, a Igreja de Cristo deve proceder como dela está escrito em I Pedro 2.11, como peregrina e forasteira. Isto é, ela não pertence a este mundo. E por falar nisso, ela está perdendo sua identidade bíblica. E como recuperá-la? Voltando à Palavra de Deus e, ao mesmo tempo, clamando por um avivamento genuíno, soberano, irresistível, como já aconteceu tantas vezes na Bíblia e também na história da Igreja.


Como Definir Avivamento?


Há quem pense que o avivamento espiritual da Igreja caracteriza-se apenas pela manifestação de dons sobrenaturais e operação de milagres. Segundo as Escrituras, avivamento é uma renovação espiritual soberana da parte de Deus, uma sobrenatural intervenção divina entre o seu povo. E isso se caracteriza inicialmente pela fome incontida pela Palavra de Deus. Sempre que uma igreja é despertada pelo Espírito de Deus, ela busca sem cessar a renovação espiritual, a santificação e o conhecimento constante e profundo da Palavra de Deus, tanto na congregação como na vida de cada crente.  


Mas Então Como a Igreja Evangélica Tem Crescido Tanto No País?


Não é bem assim no presente momento. O número de genuínas decisões por Cristo vem diminuindo nas igrejas. A Igreja tem crescido em quantidade. Não sou contra a quantidade – quanto mais pessoas se tornarem crentes em Jesus, melhor. Mas, quanto aos seus, o Senhor conta primeiro com a qualidade de vida espiritual, moral, social e familiar. Lembre-se do caso de Gideão: Deus só permitiu que ele fosse acompanhado por 300 homens à guerra, ao invés dos milhares que havia. Ora, do dia para a noite você consegue encher um templo ou um estádio de gente; basta dizer o que as pessoas gostam e querem ouvir. No início da Igreja, praticamente não havia necessidade de apelo e convite para o povo vir a Cristo. O poder de Deus era tão manifesto que as pessoas, por livre iniciativa, procuravam os apóstolos com a pergunta: “Que devo fazer para ser salvo?”.


A Situação Está Assim Por Culpa da Liderança?


Nesta resposta, eu gostaria de substituir a palavra “liderança” por “os pastores”. Liderança tem a ver com direção, mas, em termos de igreja prefiro abordar o assunto partindo dos pastores, aqueles que receberam de Deus o chamado e o ministério de apascentar. O pastor tornar-se líder porque antes já era pastor; ele não é pastor simplesmente porque é líder de uma obra. Nem todo líder cristão é obreiro do Senhor só pelo fato de ser líder. O pastor que apenas é líder torna-se um profissional, e não um vocacionado da parte do Senhor. E os pastores precisam enfatizar a importância primordial da Bíblia Sagrada. Está faltando a Palavra em nossos púlpitos. Hoje, nos cultos evangélicos, 80% do tempo é gasto com assuntos e atividades que nada têm a ver com a exposição da Palavra de Deus. Veja as músicas de hoje – não têm nada de Bíblia, é só passatempo. Muitas vezes, quem compõe nem salvo por Cristo é. O resultado está aí: carência espiritual, pobreza de fé, crentes sem vida. Nossos pastores precisam despertar para semear a Bíblia. O povo está sem alimento. Se a ovelha recebe comida fraca, ou adulterada, pobre dessa ovelha!


A Solução Seria o Incentivo à Escola Bíblica Dominical (EBD), Uma Instituição Que Atravessa Uma Crise Em Tantas Igrejas?


Repito que uma igreja, um povo, uma família, quando despertados por Deus, mediante o Espírito Santo e a Palavra, procurarão com perseverança conhecer a Bíblia. A EBD deve enfatizar o estudo da Palavra de maneira metódica, atingindo desde o bebê até ao ancião, com professores treinados, de maneira sistemática. É preciso haver currículos definidos, senão o assunto fica a esmo. É claro que, mesmo se for ministrada de maneira precária, a Palavra sempre trará resultados na vida das pessoas, pois ela é viva e não volta vazia. Contudo, não atingirá o objetivo de construir uma igreja forte. No passado, a luta do inimigo era para destruir a Bíblia. Quantas bíblias foram queimadas na Idade Média, nas fogueiras da Inquisição? Hoje, como o diabo sabe que não há como fazer isso, sua luta é para corromper a mensagem da Palavra. E está conseguindo!



Em 1989, a Assembléia de Deus Dividiu-se Em Dois Grandes Segmentos, a CGADB e a Convenção de Madureira (Conamad). Passados Vinte Anos, Os Dois Grupos Estão Mais Próximos ou Mais Distantes?


Não chamaria o que aconteceu de divisão, e sim, de cisão administrativo-eclesiástica.  Acompanhei bem de perto o processo e sei que havia desde algum tempo certas discordâncias, mas não desavenças espirituais, religiosas e doutrinárias. As igrejas Assembléias de Deus professam a mesma doutrina. Eu integro a CGADB e, regularmente, sou gentil e honrosamente convidado por colegas obreiros da Conamad para participar de eventos e ministrar a Palavra de Deus. Sinto-me honrado e também grato a esses companheiros de ministério por essas solicitações. Da mesma forma, temos regularmente pastores e outros líderes de Madureira em eventos da CGADB. Eu, pessoalmente, mantenho a expectativa de desaparecimento desta cisão.


O Que o Senhor Experimentou No Passado e Sente Falta Nos Dias de Hoje?


Ah! Do movimento dinâmico e sempre crescente de evangelização; da inflexível e intensa disposição e vontade de todos os crentes de ganhar pessoalmente almas para Jesus. Logo que Jesus me converteu, aos 14 anos de idade, Deus me usou para evangelizar uma família inteira, ajudado por outros irmãos. Aquelas sete pessoas se entregaram a Cristo e se tornaram crentes fiéis, perseverantes e frutíferos para a glória de Deus. Que alegria! Sinto falta também dos cultos de oração e de vigília daquela época. Hoje, o tempo que passamos na presença do Senhor, buscando a sua face em cultos coletivos, é tão curtinho... Outra coisa maravilhosa era a comunhão cristã fortíssima entre os irmãos. Todas na igreja era unidas. O que acontecia a um era compartilhado por todos.


A Esta Altura Da Vida, Qual a Sua Prioridade?


Permanecer fiel. Fiel a Deus; fiel à sua Palavra; fiel à doutrina; fiel à família; fiel aos compromissos assumidos; e fiel à minha igreja e aos colegas de ministério. A fidelidade só pode trazer felicidade. Imagine a alegria de, conforme Paulo disse em II Timóteo 2.15, podermos nos apresentar a Deus como obreiros aprovados! Mas Deus dá-nos da sua graça. “A minha graça te basta”, disse Deus ao apóstolo.





SOBRE PASTORES E LOBOS



SOBRE PASTORES E LOBOS - COMO DIFERENCIÁ-LOS?



 





Pastores e lobos têm algo em comum: ambos se interessam e gostam de ovelhas, e vivem perto delas. Assim, muitas vezes, pastores e lobos nos deixam confusos para saber quem é quem. Isso porque lobos desenvolveram uma astuta técnica de se disfarçar em ovelhas interessadas no cuidado de outras ovelhas. Parecem ovelhas, mas são lobos. 
No entanto, não é difícil distinguir entre pastores e lobos. 
Urge a cada um de nós exercitar o discernimento para descobrir quem é quem.






Pastores gostam de convívio, lobos gostam de reuniões. 
Pastores vivem à sombra da cruz, lobos vivem à sombra de holofotes. 
Pastores choram pelas suas ovelhas, lobos fazem suas ovelhas chorar.
Pastores têm autoridade espiritual, lobos são autoritários e dominadores.




Pastores têm esposas, lobos têm coadjuvantes.
Pastores têm fraquezas, lobos são poderosos.
Pastores olham nos olhos, lobos contam cabeças.
Pastores apaziguam as ovelhas, lobos intrigam as ovelhas.
Pastores têm senso de humor, lobos se levam a sério.
Pastores são ensináveis, lobos são donos da verdade.


Pastores têm amigos, lobos têm admiradores.
Pastores se extasiam com o mistério, lobos aplicam técnicas religiosas.
Pastores vivem o que pregam, lobos pregam o que não vivem.
Pastores vivem de salários, lobos enriquecem.
Pastores ensinam com a vida, lobos pretendem ensinar com discursos.
Pastores sabem orar no secreto, lobos só oram em público.
Pastores vivem para suas ovelhas, lobos se abastecem das ovelhas.





Pastores são pessoas humanas reais, lobos são personagens religiosos caricatos.Pastores vão para o púlpito, lobos vão para o palco.
Pastores são apascentadores, lobos são marqueteiros.
Pastores são servos humildes, lobos são chefes orgulhosos.
Pastores se interessam pelo crescimento das ovelhas, lobos se interessam pelo crescimento das ofertas.

Pastores apontam para Cristo, lobos apontam para si mesmos e para a instituição.
 Pastores são usados por Deus, lobos usam as ovelhas em nome de Deus.
Pastores falam da vida cotidiana, lobos discutem o sexo dos anjos.
Pastores se deixam conhecer, lobos se distanciam e ninguém chega perto.
Pastores sujam os pés nas estradas, lobos vivem em palácios e templos.
Pastores alimentam as ovelhas, lobos se alimentam das ovelhas.
Pastores buscam a discrição, lobos se autopromovem.




Pastores conhecem, vivem e pregam a graça, lobos vivem sem a lei e pregam a lei.
Pastores usam as Escrituras como texto, lobos usam as Escrituras como pretexto.
Pastores se comprometem com o projeto do Reino, lobos têm projetos pessoais.
Pastores vivem uma fé encarnada, lobos vivem uma fé espiritualizada.
Pastores ajudam as ovelhas a se tornarem adultas, lobos perpetuam a infantilização das ovelhas.





Pastores lidam com a complexidade da vida sem respostas prontas, lobos lidam com técnicas pragmáticas com jargão religioso.
Pastores confessam seus pecados, lobos expõem o pecado dos outros.
Pastores pregam o Evangelho, lobos fazem propaganda do Evangelho.
Pastores são simples e comuns, lobos são vaidosos e especiais.
Pastores tem dons e talentos, lobos tem cargos e títulos.
Pastores são transparentes, lobos têm agendas secretas.





Pastores dirigem igrejas-comunidades, lobos dirigem igrejas-empresas.
Pastores pastoreiam as ovelhas, lobos seduzem as ovelhas.
Pastores trabalham em equipe, lobos são prima-donas.
Pastores ajudam as ovelhas a seguir livremente a Cristo, lobos geram ovelhas dependentes e seguidoras deles...





                       
Por Osmar Ludovico da Silva, publicado pela revista
Enfoque Gospel, edição 54, 2006: www.revistaenfoque.com.br



segunda-feira, outubro 28, 2013

ELEIÇÃO PRESIDENCIAL 2014

ELEIÇÃO PRESIDENCIAL 2014 AOS OLHOS DA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO


Júlio Severo


“Na campanha presidencial de 2014, veremos reprisar o que tanto afetou a de 2010: o fator religioso [onde o] debate em torno da questão do aborto assumiu muito mais importância…” palavras de Frei Betto em seu artigo “Eleição 2014 e Religião.”



 


Mas ele avisa: “O aborto e outros temas ligados aos direitos reprodutivos e à sexualidade são apenas o biombo que encobre algo muito mais ameaçador: o fundamentalismo religioso como força política.”


Na visão de Frei Betto, que é um dos principais líderes da Teologia da Libertação no Brasil, questões como aborto e sexualidade (na verdade, homossexualidade) escondem uma ameaça muito maior: grupos cristãos que ele identifica como “fundamentalistas.”

Ariovaldo Ramos e Marina Silva têm basicamente as mesmas queixas. Eles se queixaram da “onda de conservadorismo” que quase derrotou Dilma Rousseff na eleição presidencial de 2010. A onda conservadora foi a expressão de fortes sentimentos cristãos contra o aborto e o homossexualismo. Em vez de se colocarem frontalmente contra o histórico e posições patentemente abortistas e homossexualistas de Dilma e do PT, Ariovaldo divulgou seu manifesto público, declarando: “manifestamos as nossas rejeições diante da onda de conservadorismo que se abateu sobre o país nesse processo eleitoral”. E Marina, em sua “Carta Aberta aos Candidatos à Presidência da República Dilma e Serra”, criticou abertamente o que ela enxerga como “esse conservadorismo renitente que coloniza a política e sacrifica qualquer utopia em nome do pragmatismo sem limites”.

No início de 2012, Reinaldo Azevedo expôs comentário de um líder do PT dizendo que a oposição ao socialismo no Brasil está liquidada. Esse líder também disse que a única oposição hoje, sentida fortemente nas questões de aborto e homossexualidade, são as posturas dos Telê evangelistas neopentecostais. A CNBB, que é a maior instituição da Igreja Católica no Brasil e responsável pela fundação do PT, está nas mãos desse líder do PT, conforme informação que recebi, restando agora como maior força opositora os Telê evangelistas neopentecostais. Desenvolvi mais profundamente essa questão no meu e-book “Teologia da Libertação X Teologia da Prosperidade.”


A própria ONU reconhece que os pentecostais do Brasil são um grande impedimento para a implantação das políticas imorais da ONU.


A “ameaça” neopentecostal na questão do aborto e homossexualidade é indiscutível. O exemplo é Marco Feliciano, que sofreu oposição implacável das esquerdas seculares e evangélicas por ocupar a presidência da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara dos Deputados. Esquerdistas como Betto acham que esses espaços pertencem somente aos adeptos do aborto, homossexualismo e Teologia da Libertação.


Claro que Betto nunca vai confessar que a Teologia da Libertação esconde um ameaça muito maior: o fundamentalismo esquerdista. Comportamento semelhante se vê em Ariovaldo Ramos e outros evangélicos progressistas, que não admitem que a Teologia da Missão Integral (que é a versão protestante da Teologia da Libertação) esconde uma ameaça maior.


Em seu artigo, Frei Betto comenta: “O fundamentalismo religioso nasceu nos EUA, no início do século XX, com o objetivo de evitar a erosão, pelo secularismo, das crenças fundamentais da tradição protestante, como a expiação substitutiva realizada pela morte de Jesus e o seu iminente regresso para julgar e governar o mundo, e a infalibilidade da Bíblia tomada em sua literalidade, como a criação direta do mundo e da humanidade por Deus, em oposição ao evolucionismo e ao darwinismo.”


O que não é ser radical e “fundamentalista”? É ter as posturas de Betto, que diz:

“Admito a descriminação do aborto em certos casos e sou plenamente a favor da mais ampla discussão em torno do aborto”.


“A Igreja precisa prestar atenção ao legado de três grandes judeus que fizeram história: Jesus, Marx e Freud”.

“Eu tenho certeza que um autêntico comunista é um cristão, embora não o saiba, e um autêntico cristão é um comunista, embora não o queira”.


“O governo brasileiro é amigo de Cuba, é um aliado. Acho que o Brasil tem que ajudar Cuba e tem a obrigação moral e política de apoiar a Revolução Cubana”.


Em seu artigo intitulado “Lutar pela Implantação do Socialismo Até o Último Dia das Nossas Vidas”, Frei Betto declara ousadamente:


“Não podemos de maneira alguma ficar à espera que um novo iluminado surja para fazer uma obra melhor do que a de Karl Marx. A obra do Marx é de suma importância para nossa atuação revolucionária, como a obra do Gramsci, como a obra do Che Guevara, como a obra de tantos outros companheiros que embora sejam menos conhecidos, mas têm obras importantes e companheiros que hoje, me permitam dizer, publicam ensaios de transcendental importância para a nossa luta.”


Se você não pensar assim, você é rotulado de “fundamentalista.”


Quando se fala em “fundamentalismo” hoje, a primeira imagem na mente é terroristas islâmicos matando inocentes. Essa imagem é padrão na sociedade atual. Mas quando surgiu o fundamentalismo original, nada havia em seus líderes e membros que os ligasse a matanças e terrorismo. O termo só veio a adquirir carga negativa com a difamação sistemática dos meios de comunicação pintando o fundamentalismo evangélico como radical. Mais tarde, um jornalista esquerdista teve a inspiração de atrelar o termo ao islamismo e a difamação se agravou. Agora, o termo “fundamentalismo” está tão difamado que só vale a pena usá-lo para os verdadeiros apoiadores de matanças: os ativistas pró-aborto.


O próprio Frei Betto, ainda que demonstrando nojo do conservadorismo evangélico do passado, reconhece que o fundamentalismo deles nada tinha a ver com jihads, homens-bombas, atentados terroristas e matanças de inocentes. Ele diz: “Em meados do século passado, os fundamentalistas cristãos se convenceram de que não bastava pregar no interior dos templos e converter corações e mentes. Era preciso impor à sociedade tudo isso que concorre para o ‘bem dela’, como a criminalização do aborto e da homossexualidade, do uso do álcool e do fumo, do entretenimento pornográfico…”


Em seguida, Betto ensina o público que se você é como esses pioneiros evangélicos conservadores “fundamentalistas” dos EUA, você não tem direito de “impor” seus valores à sociedade.


Em contraste, se você for adepto da Teologia da Libertação ou Teologia da Missão Integral, você tem a obrigação de lutar para impor os supremos valores socialistas à sociedade, pois para Frei Betto, Leonardo Boff, Ariovaldo Ramos e outros, esses são os valores reais do Reino de Deus. Com base nesses valores, Frei Betto acha justo estar com Fidel Castro para impor o marxismo na sociedade, e Ariovaldo Ramos acha justo estar com Hugo Chavez com o mesmo objetivo.

Se você apoia o aborto como direitos reprodutivos e a homossexualidade como direitos sexuais, então você é da turma, e o rótulo carinhoso que a mídia lhe dará é “lutador dos direitos humanos,” e todas as elites darão espaços abertos para você falar e impor o que você quiser.


Mas se você é contrário ao aborto e a outros derramamentos de sangue inocente e se você quer a proteção das crianças contra as investidas da agenda gay, então você não é da turma. A mídia tem só um rótulo para você: “fundamentalista.” Você não tem nenhum direito de defender nos espaços públicos seus valores.


Esse embate não é novo. Em 1925, os Estados Unidos testemunharam um ponto decisivo na marcha socialista. Nesta data, houve o “Scopes Monkey Trials,” ou Julgamentos sobre a Teoria do Macaco do Professor Scopes. De um lado, estava o advogado comunista sarcástico Clarence Darrow, representando John Scopes, professor humanista que queria impor a teoria da evolução para suas classes compostas em grande parte por crianças protestantes. Em defesa dos alunos e seus pais, estava o advogado William Jennings Bryan, que a mídia americana já simpática ao esquerdismo prontamente tratou de apresentar desdenhosamente como representante do “fundamentalismo.”


No final, os comunistas venceram, a teoria da evolução foi imposta e esse caso serviu como precedente para se impor a “teoria do macaco” nas crianças, até mesmo em crianças cristãs. “Fundamentalismo” se tornou sinônimo naquela época de oposição protestante à luta pela implantação de ideias progressistas (socialistas). E hoje não é diferente. Se Frei Betto quer “Lutar pela Implantação do Socialismo Até o Último Dia das Nossas Vidas” e impor essa ideologia na sociedade brasileira, ele sabe que primeiro precisa demonizar os cristãos e seus termos que estão em confronto com sua agenda. A estratégia esquerdista sempre segue esse padrão de demonização.

Sejamos inteligentes nesta hora. A esquerda emporcalhou tanto o termo “fundamentalismo,” especialmente ligando-o agora ao radicalismo islâmico, que se tornou irreconhecível e obsoleto para nós. Tornou-se, em essência, conforme a imagem e semelhança deles. O mesmo fundamentalismo islâmico que quer impor seus valores na sociedade está também presente nos esquerdistas. E, coincidência, ambos têm um “currículo” fartamente sanguinário.


Embora a maioria da mídia e do governo esteja nas mãos do fundamentalismo esquerdista, que muito respeita Frei Betto e seus comparsas, não podemos nos desanimar achando que nossos esforços não têm esperança. Recordando as palavras de Lutero, repetidas séculos depois por presidentes dos EUA: “Um com Deus é maioria.”


Leitura recomendada:

Fonte: 
Julio Severo juliosevero@gmail.com por  google.com 
11:04 (2 horas atrás)
para mim