quinta-feira, março 14, 2013

OS MILAGRES DE ELISEU



Próximo Trimestre - 2013

OS MILAGRES DE ELISEU



Eliseu era um lavrador pertencente a uma família abastada de Israel quando foi chamado para uma missão profética (1 Rs 19.19-21). Sem dúvida, ele era um dos sete mil que não havia se dobrado diante da adoração idólatra a Baal e foi escolhido pelos critérios da soberania divina. As estatísticas mostrando as intervenções sobrenaturais, através de curas e outros milagres são impressionantes na vida desse profeta de Abel-Meolá (1 Rs 19.16).

O escritor Larry Richards (2006, pp.145,146) destaca o fato de que “Eliseu fora auxiliar e aprendiz de Elias durante os últimos anos do ministério deste. 

A transição que as Escrituras fazem do ministério de Elias para o ministério de Eliseu é relatada em 2 Reis 2. Enquanto os dois homens andavam juntos no vale do Jordão no último dia de Elias na terra, Elias disse a seu amigo Eliseu: ‘Pede-me o que queres que eu te faça, antes que seja tomado de ti.’ O pedido de Eliseu foi: ‘Peço-te que me toque por herança porção dobrada do teu espírito”. Em Israel, o filho mais velho da família recebia uma porção dobrada da riqueza da família como herança (Dt 21.17). Eliseu pediu para ser o sucessor dele e herdar seu ofício como profeta principal de Deus em Israel.

O pedido não seria atendido por Elias. O próprio Deus chama seus porta-vozes. Mas Elias prometeu que, se Eliseu testemunhasse a partida de Elias, Deus lhe daria o que desejava. Eliseu viu os anjos que levaram Elias para a glória (para comentários sobre essa aparição angelical, veja o outro volume da série, Todos os Anjos Bons e Malignos na Bíblia). Eliseu realmente sucedeu Elias. Na verdade, os milagres registrados de Eliseu realmente são, em número, o dobro dos milagres operados por Elias. Deus deu ainda mais a Eliseu do que ele pediu”.1

Neste capítulo, dividi as narrativas desses milagres em quatro grupos apenas por questões didáticas. Nem todos os milagres operados por Eliseu são estudados aqui, mas aqueles que foram analisados servem para ilustrar como os eles atenderam a um propósito divino.

Os Milagres de Provisão

1.           A Multiplicação dos Pães

Esse é um milagre de provisão. Eram cem homens do grupo dos discípulos dos profetas e apenas vinte pães foram ofertados por um homem de Baal-Salisa (2 Rs 4.42-44). A lei da procura era maior do que a da oferta! O que fazer diante dessa situação? O profeta Eliseu não olha as evidências naturais, mas seguindo a direção de Deus profetiza que todos comeriam e ainda sobrariam pães! Como? Não havia lógica nenhuma nessa predição do profeta. Todavia, milagres não se explicam, são aceitos pela fé! Muito tempo depois encontramos o Novo Testamento detalhando como Jesus Cristo operou um milagre com a mesma dinâmica, todavia com maior proporção (Jo 6.9). Nas duas histórias a graça de Deus em prover o imprescindível para os necessitados fica em evidência.

“Quando compartilhamos o que temos”, observa William MacDonald, “e deixamos as consequências nas mãos de Deus, ele provê as nossas necessidades, bem como às dos outros, e pode até haver sobra” (Pv 11.24,25).2

2.           Abundância de Víveres

Jorão, filho se Acabe, estava assentado no trono do Reino do Norte e a exemplo do pai envolvido em idolatria e apostasia (2 Rs 6.24 — 7.120). A consequência de suas ações pecaminosas foi o cerco à cidade de Samaria promovida por Ben-Adade II. Com a cidade sitiada, o resultado natural foi a escassez de alimentos. Vendia-se desde cabeça de jumento até mesmo esterco de pombo na tentativa de amenizar a fome. Pressionado pela crise, o rei procurou o profeta Eliseu e o responsabilizou pela tragédia. Sempre o Diabo querendo culpar Deus pelas mazelas que ele induziu os homens a praticarem! Mais uma vez Deus comprova a sua graça e orienta Eliseu a profetizar o fim da fome! Como nos outros milagres, esse tem seu cumprimento de forma inteiramente sobrenatural.

Os Milagres de Restituição

1.           A Ressurreição do Filho da Sunamita 

Mesmo tendo deixado o filho morto em casa, essa rica mulher de Suném demonstra uma fé inabalável (2 Rs 4.8-37). Quando a caminho e interrogada por Geazi, moço de Eliseu, sobre como iam as coisas, ela respondeu: “Tudo bem!” Nada está fora de controle quando Deus está no comando. Para o Comentário Bíblico Vida Nova, “a ação da mulher em colocar a criança morta na cama de Eliseu e ir rapidamente buscá-lo sugere que ela possuía fé suficiente de que ele seria capaz de ressuscitar a criança. A volta da criança à vida e o reencontro dela com a sua mãe são contados de modo simples e comovente. Por intermédio do homem de Deus, mais uma vez o Senhor tinha manifestado o seu poder sobre a vida e a morte”.3 A sequência da história mostra o profeta Eliseu orando ao Senhor sobre o corpo inerte do garoto (2 Rs 4.33). O relato é dramático e desafia a lógica humana. Os gestos do profeta parecem não ter sentido, mas sem dúvida são de orientação divina (2 Rs 4.34,35). Deus não deve explicações a ninguém sobre a forma como Ele quer operar milagres! O Senhor responde à oração do profeta e a vida volta novamente ao filho da sunamita (2 Rs 4.35-37).

2.           O Machado Que Flutuou

Um dos discípulos dos profetas perdera a ferramenta que havia tomado emprestado (2 Rs 6.1-7). Naqueles dias os instrumentos feitos de ferro eram escassos e valiosos. Daí seu desespero quando perdeu aquele objeto. Duas coisas observamos nesse texto: primeiramente a motivação do milagre que está expressa no lamento daquele que perdera o machado. O que nos faz lamentar? A nossa motivação está correta? Em segundo lugar, vemos o profeta procurando identificar o local onde a ferramenta havia caído ou se perdido. O Senhor está pronto a restituir ou restaurar quem perdeu alguma coisa desde que se tome consciência disso. E também o porquê dela ter sido perdida! Às vezes a falta de reconhecimento por parte de alguns que perderam alguma coisa, como por exemplo, a comunhão com Deus pesa mais do que o machado que Eliseu fez flutuar.

Os Milagres de Restauração

1.           A Cura de Naamã

Aqui algumas coisas nos chamam a atenção no relato desse milagre (2 Rs 5.1-19). Em primeiro lugar, observamos que o general sírio fica indignado quando o profeta não age da forma que ele imaginou (2 Rs 5.11). Deus não faz shows, nem tampouco opera para satisfazer nossa curiosidade. Em segundo lugar, observamos que Deus não estava interessado na análise lógica de Naamã (2 Rs 5.11,12), mas apenas em sua obediência. Em terceiro lugar, Naamã recebe a cura quando desce do cavalo (2 Rs 5.14). Não há quem goste de descer, todos gostam de subir. Todavia Abigail para salvar seu casamento, teve que descer do jumento (1 Sm 25.23)! Ninguém será restaurado se não descer! Naamã desceu e foi curado. Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes (Tg 4.6). Em quarto lugar, Naamã tentou recompensar o profeta pelo milagre recebido (2 Rs 5.15,16). Eliseu recusou! A graça não aceita pagamento por aquilo que faz.

2.           As Águas de Jericó

O texto de 2 Reis 2.19-22, narra a história das águas amargas de Jericó que se tornaram saudáveis através da ação do profeta Eliseu. Aqui Eliseu pede um prato novo, termos traduzidos do hebraico, jarra, tigela e chadash, significando; novo, recente, fresco; também pede que se ponha nesse recipiente sal. Feito isso ele profetiza que aquelas águas se tornariam saudáveis segundo a palavra do Senhor. Essas exigências do profeta possuíam um valor simbólico, visto que o sal representa um elemento purificador (Lv 2.13; Mt 5.13) enquanto o prato novo seria um instrumento de dedicação especial ou exclusiva para aquele momento. Em todo caso, foi o poder de Deus quem purificou as águas e não o poder em si desses objetos e ingredientes.

Os Milagres de Julgamento

1.           Maldição dos Rapazinhos

No relato desse milagre Eliseu invoca um julgamento sobre alguns jovens zombadores (2 Rs 2.23-25). O efeito desse julgamento foi o aparecimento de dois animais selvagens que atacaram aqueles jovens. A lição que fica é que não se pode brincar com as coisas sagradas e muito menos ficar impune quem escarnece de um fiel servo de Deus. 4

2.           A Doença De Geazi

Nesse relato de 2 Reis 5.19-27, observamos as razões pelas quais Geazi foi julgado. O moço Geazi viu apenas uma ação humana quando deveria ver uma ação divina (2 Rs 5.20). Ele achava que a recusa de Eliseu era apenas uma questão pessoal do profeta, quando na verdade não era. Geazi também trocou a verdade pela mentira (2 Rs 5.22). Usou o nome do profeta de Deus para validar sua cobiça. Ele procurou tomar aceitável o que Deus havia recusado (2 Rs 5.22). Deus não vende suas bênçãos, Ele as oferece gratuitamente. Geazi trocou o arrependimento pelo fingimento (2 Rs 5.25). Fez de conta que não havia acontecido nada. Ele trocou a bênção pela maldição (2 Rs 5.27). Como consequência, passou a conviver com a lepra pelo resto da sua vida!

O julgamento de Geazi nos mostra que Ministros ficam doentes, Ministérios também! Aprendemos com ele que:

a)               Não devemos edificar sobre aquilo que Deus já refugou
 “Voltou ao homem de Deus, ele e toda a sua comitiva; veio, pôs-se diante dele e disse: Eis que, agora, reconheço que em toda a terra não há Deus, senão em Israel; agora, pois, te peço aceites um presente do teu servo. Porém, ele disse: Tão certo como vive o Senhor, em cuja presença estou, não o aceitarei. Instou com ele para que o aceitasse, mas ele recusou” (2 Rs 5.15,16).
Geazi, moço de Eliseu, tenta obter ganho pessoal naquilo que o profeta já havia rejeitado. A recusa de Eliseu era a recusa de Deus! Ele queria obter ganho naquilo que o Senhor já havia considerado como perda. Onde Deus havia proibido que houvesse vantagem pessoal, Geazi tenta obtê-la.

Não tenho dúvidas de que muitos ministérios estão ficando doentes porque estão sendo edificados sobre refugos divinos. Na maioria são teologias recicladas. Não são fundamentadas na autêntica Palavra de Deus. Isso pode ser visto no próprio campo da teologia bíblica. Foi assim com a Teologia da Prosperidade; com a Teologia do Domínio; com a Teologia Ariana; com a Teologia Unicista; com a Teologia Relacional etc. Esses modelos teológicos em sua maioria são reciclagens de antigas heresias ou crenças heterodoxas. O certo é que não podemos edificar sobre aquilo que a própria Palavra de Deus e a história da igreja já mostraram que são refugos teológicos.

b)          Não podemos sacralizar aquilo que é profano — ‘Geazi, o moço de Eliseu, homem de Deus, disse consigo: Eis que meu senhor impediu a este siro Naamã que da sua mão se lhe desse alguma coisa do que trazia; porém, tão certo como vive o Senhor, hei de correr atrás dele e receberei dele alguma coisa” (2 Rs 5.20).5 Geazi invocou o nome santo do Senhor (tão certo como vive o Senhor) para validar uma ação errada! Ele procurou santificar o pecado, quando diz que essa sua ação desastrosa será feita em nome do Senhor!

Não podemos invocar o nome do Senhor sobre coisa alguma que não esteja de acordo com a sua Palavra. O pecado jamais pode ser santificado nem tampouco aquilo que é pagão pode ser cristianizado.

Na história da igreja vimos isso acontecer. Primeiramente quando Constantino, imperador convertido à fé cristã, cristianiza muitas práticas pagãs. O mesmo ocorre quando Tomás de Aquino cristianizou os ensinos do filósofo grego Aristóteles. Mais recentemente temos os teólogos da prosperidade tentando, a todo custo, cristianizar os ensinos da Ciência Cristã. Aquilo que é pecado não pode ser santificado, mesmo que se invoque sobre ele alguma doutrina bíblica.

c)           Não podemos relativizar absolutos — “Ele respondeu: Tudo vai bem; meu Senhor me mandou dizer: Eis que, agora mesmo, vieram a mim dois jovens, dentre os discípulos dos profetas da região montanhosa de Efraim; dá-lhes, pois, um talento de prata e duas vestes festivais” (2 Rs 5.22).

O profeta Eliseu jamais havia mandado dizer tal coisa. Geazi mentiu! Quando tentou aproveitar o que Deus havia refugado, Geazi agora deu um outro passo — tornou relativo aquilo que era absoluto. Criou uma mentira e passou a acreditar nela. Quando se faz concessão onde não pode haver nenhuma, passa-se a adotar comportamentos relativistas.

d)          Não podemos substituir organismo por organização — “Perguntou-lhe Eliseu: Donde vens, Geazi? Respondeu ele: Teu servo não foi a parte alguma. Porém ele lhe disse: Porventura, não fui contigo em espírito quando aquele homem voltou do seu carro, a encontrar-te?” (2 Rs 5.25,26).

O que se percebe é que Geazi se comportou diante desse incidente como quem vivia apenas para uma organização — a Escola dos Profetas, e não para o Deus vivo. Geazi esquecera do lado espiritual do seu ministério, isto é, a instituição profética como um organismo divino, para servir apenas a Escola de Profetas, enquanto instituição humana. Esquecer que não há organização sem organismo; forma sem função e muito menos preceitos sem princípios.

e)          Não devemos trocar o “ser" pelo “ter”, a vocação pela carreira“Era isto ocasião para tomares prata e para tomares vestes, olivais e vinhas, ovelhas e bois, servos e servas? Portanto, a lepra de Naamã se pegará a ti e à tua descendência para sempre. Então, saiu de diante dele leproso, branco como a neve” (2 Rs 5.26,27).

Geazi foi à procura de Naamã em busca de “alguma coisa” e terminou sem “coisa alguma”. Foi em busca de valores materiais, mas perdeu os espirituais. É um perigo quando alguém troca o “ser” pelo “ter”. Quando transforma a vocação em carreira. Quando o ministério deixa de ser um projeto divino para se transformar em algo meramente humano.

Os milagres operados pelo profeta Eliseu são uma clara demonstração do poder de Deus. Todos tiveram um propósito específico de demonstrar a graça de Deus e sua glória nas mais diferentes situações. Em nenhum momento essas intervenções sobrenaturais exaltam as virtudes pessoais de um homem nem tampouco deixam transparecer que se tratava de algo que o profeta conseguia manipular através do domínio de alguma técnica. Eram ações inteiramente imprevisíveis e não repetitivas, o que deixa claro que em todas elas estava a unção de Deus.

Extraído do livro:




Este livro servirá como auxílio suplementar da nova Lição CPAD

Em Porção Dobrada obra escrita com os rigores de uma exegese e uma hermenêutica bíblica sadia, o leitor poderá ter uma clara visão do paralelo entre os dias de Elias e Eliseu e os nossos os que incluem as crises religiosas, sociais, morais, políticas e econômicas vivenciadas pelos profetas. É nesse contexto de crise que o Senhor levanta homens e mulheres como porta-vozes, dando aos líderes e ao seu povo a oportunidade de se arrependerem de seus pecados e de se voltarem para Ele.

A sucessão ministerial, um dos grandes problemas da liderança, também é abordada nesta obra. Pastores, lideres em geral, e crentes que amam e temem ao Senhor, com certeza encontrarão e extrairão destas páginas grandes lições a serem aplicadas no ser e fazer cristão. 

1 RICHARDS, Larry. Todos os Milagres da Bíblia. Editora United Press, São Paulo, 2006.
2 MCDONALD, William. Comentário Bíblico Popular - versículo por versículo. Antigo Testamento. Editora Mundo Cristão.
3 CARSON, Donald. Comentário Bíblico Vida Nova. Editora Vida Nova, São Paulo.
4 “o contexto precisa ser levado em consideração, e aqui sugere um bando de moleques à espera numa emboscada , que sai após o profeta para zombar dele” (BRUCE, F.F. Comentário Bíblico NVI — Antigo e Novo Testamento. Editora Vida.
5 Para uma discussão mais aprofundada sobre esse assunto, veja os livros: O Sagrado e o Profano, de Mircea Eliade (Ed. Martins Fontes) e O Sagrado, de Rudolf Otto, Editora Sinodal/Vozes.


A FIDELIDADE ETERNA DE DEUS COM ISRAEL.



A Aliança Davídica - a Fidelidade Eterna de Deus com Israel



Salmo 89 fala da aliança eterna entre Deus e Davi. Esse é o terceiro salmo mais longo da Bíblia (depois dos Salmos 78 e 119), e é um dos salmos messiânicos porque a aliança de Davi, descrita nesse texto, somente encontra sua validade e seu cumprimento definitivo em Jesus Cristo.

Vamos ler o Salmo 89 inteiro: “Salmo didático de Etã, ezraíta. Cantarei para sempre as tuas misericórdias, ó Senhor; os meus lábios proclamarão a todas as gerações a tua fidelidade. Pois disse eu: a benignidade está fundada para sempre; a tua fidelidade, tu a confirmarás nos céus, dizendo: Fiz aliança com o meu escolhido e jurei a Davi, meu servo: Para sempre estabelecerei a tua posteridade e firmarei o teu trono de geração em geração. Celebram os céus as tuas maravilhas, óSenhor, e, na assembléia dos santos, a tua fidelidade. Pois quem nos céus é comparável aoSenhor? Entre os seres celestiais, quem é semelhante ao Senhor? Deus é sobremodo tremendo na assembléia dos santos e temível sobre todos os que o rodeiam. Ó Senhor, Deus dos Exércitos, quem é poderoso como tu és, Senhor, com a tua fidelidade ao redor de ti?! Dominas a fúria do mar; quando as suas ondas se levantam, tu as amainas. Calcaste a Raabe, como um ferido de morte; com o teu poderoso braço dispersaste os teus inimigos. Teus são os céus, tua, a terra; o mundo e a sua plenitude, tu os fundaste. O Norte e o Sul, tu os criaste; o Tabor e o Hermom exultam em teu nome. O teu braço é armado de poder, forte é a tua mão, e elevada, a tua destra. Justiça e direito são o fundamento do teu trono; graça e verdade te precedem. Bem-aventurado o povo que conhece os vivas de júbilo, que anda, ó Senhor, na luz da tua presença. Em teu nome, de contínuo se alegra e na tua justiça se exalta, porquanto tu és a glória de sua força; no teu favor avulta o nosso poder. Pois ao Senhor pertence o nosso escudo, e ao Santo de Israel, o nosso rei. Outrora, falaste em visão aos teus santos e disseste: A um herói concedi o poder de socorrer; do meio do povo, exaltei um escolhido. Encontrei Davi, meu servo; com o meu santo óleo o ungi. A minha mão será firme com ele, o meu braço o fortalecerá. O inimigo jamais o surpreenderá, nem o há de afligir o filho da perversidade. Esmagarei diante dele os seus adversários e ferirei os que o odeiam. A minha fidelidade e a minha bondade o hão de acompanhar, e em meu nome crescerá o seu poder. Porei a sua mão sobre o mar e a sua direita, sobre os rios. Ele me invocará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus e a rocha da minha salvação. Fá-lo-ei, por isso, meu primogênito, o mais elevado entre os reis da terra. Conservar-lhe-ei para sempre a minha graça e, firme com ele, a minha aliança. Farei durar para sempre a sua descendência; e, o seu trono, como os dias do céu. Se os seus filhos desprezarem a minha lei e não andarem nos meus juízos, se violarem os meus preceitos e não guardarem os meus mandamentos, então, punirei com vara as suas transgressões e com açoites, a sua iniquidade. Mas jamais retirarei dele a minha bondade, nem desmentirei a minha fidelidade. Não violarei a minha aliança, nem modificarei o que os meus lábios proferiram. Uma vez jurei por minha santidade (e serei eu falso a Davi?): A sua posteridade durará para sempre, e o seu trono, como o sol perante mim. Ele será estabelecido para sempre como a lua e fiel como a testemunha no espaço. Tu, porém, o repudiaste e o rejeitaste; e te indignaste com o teu ungido. Aborreceste a aliança com o teu servo; profanaste-lhe a coroa, arrojando-a para a terra. Arrasaste os seus muros todos; reduziste a ruínas as suas fortificações. Despojam-no todos os que passam pelo caminho; e os vizinhos o escarnecem. Exaltaste a destra dos seus adversários e deste regozijo a todos os seus inimigos. Também viraste o fio da sua espada e não o sustentaste na batalha. Fizeste cessar o seu esplendor e deitaste por terra o seu trono. Abreviaste os dias da sua mocidade e o cobriste de ignomínia. Até quando, Senhor? Esconder-te-ás para sempre? Arderá a tua ira como fogo? Lembra-te de como é breve a minha existência! Pois criarias em vão todos os filhos dos homens! Que homem há, que viva e não veja a morte? Ou que livre a sua alma das garras do sepulcro? Que é feito, Senhor, das tuas benignidades de outrora, juradas a Davi por tua fidelidade? Lembra-te, Senhor, do opróbrio dos teus servos e de como trago no peito a injúria de muitos povos, com que, Senhor, os teus inimigos têm vilipendiado, sim, vilipendiado os passos do teu ungido. Bendito seja o Senhor para sempre! Amém e amém!”

Teus são os céus, tua, a terra; o mundo e a sua plenitude, tu os fundaste.
A aliança que Deus fez com Davi só encontrou seu cumprimento e sua validade definitiva em Jesus Cristo, o que vemos no anúncio do nascimento de Jesus do anjo Gabriel a Maria:“Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim” (Lc 1.31-33).


Depois da ressurreição e da ascensão de Jesus, Paulo diz aos judeus em relação à aliança de Davi: “E, que Deus o ressuscitou dentre os mortos para que jamais voltasse à corrupção, desta maneira o disse: E cumprirei a vosso favor as santas e fiéis promessas feitas a Davi” (At 13.34).

E a Timóteo, seu filho espiritual, Paulo escreve: “Lembra-te de Jesus Cristo, ressuscitado de entre os mortos, descendente de Davi, segundo o meu evangelho” (2 Tm 2.8).

O autor do Salmo 89 chama-se Etã. De acordo com Abraham Meister, esse nome significa: “(Deus é) constância, persistência”. Não foi por acaso que esse Salmo, que fala da aliança eterna de Deus com Davi, foi escrito por um homem com esse nome.

As promessas da aliança

No Salmo 89.1-4 lemos: “Cantarei para sempre as tuas misericórdias, ó Senhor; os meus lábios proclamarão a todas as gerações a tua fidelidade. Pois disse eu: a benignidade está fundada para sempre; a tua fidelidade, tu a confirmarás nos céus, dizendo: Fiz aliança com o meu escolhido e jurei a Davi, meu servo: Para sempre estabelecerei a tua posteridade e firmarei o teu trono de geração em geração” (veja também vv. 21-35).

Ao consultarmos o termo “aliança” em enciclopédias, encontraremos uma grande quantidade de informações. Essas fontes mencionam tratados entre países, alianças militares, pactos sociais e acordos de paz. Como exemplos, tivemos em passado recente o Pacto de Varsóvia, o Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e a União Européia. As enciclopédias também citam órgãos governamentais das mais diversas áreas, como meio ambiente, economia e navegação. Há ainda alianças de exilados, de contribuintes, de tendências políticas, de empregadores, de empregados, de inquilinos, de fornecedores e de proteção ambiental. Não faltam alianças ecumênicas, eclesiásticas e teológicas. A aliança mais importante de todas talvez seja o casamento.

Todas essas alianças são caracterizadas pelo fato de serem frágeis e passageiras e não terem durabilidade, pois muitas vezes as partes entram em conflito. Os termos dos pactos quase nunca são cumpridos integralmente, e na maior parte das vezes já de antemão estão condenados ao fracasso. Por isso, a História tem tantos relatos de alianças rompidas e pactos quebrados.

Os pactos e alianças que Deus celebra são totalmente diferentes. Sua garantia é indiscutível e não poderia ser mais segura. No Salmo 89.35-37 o Eterno promete: “Uma vez jurei por minha santidade (e serei eu falso a Davi?): A sua posteridade durará para sempre, e o seu trono, como o sol perante mim. Ele será estabelecido para sempre como a lua e fiel como a testemunha no espaço”. Tentemos responder quatro perguntas:

1. Por que a aliança de Deus é imutável e pode ser mantida para sempre?


Porque está baseada na graça, e não na lei. Tem sua existência eterna na fidelidade e santidade de Deus. Nem mesmo a infidelidade da geração descendente de Davi invalidou a aliança com Deus (cf. Sl 89.30-33). Naturalmente isso teve conseqüências para aquela geração mas não interferiu na própria aliança. Quando Salomão andou por seus próprios caminhos, Deus respondeu dividindo o reino e anunciando o reinado de Jeroboão sobre as dez tribos. O Senhor disse: “Por isso, afligirei a descendência de Davi; todavia, não para sempre” (1 Rs 11.39).

O Salmo 89 cita oito vezes a palavra graça ou suas correlacionadas (v.1, “misericórdias”; v.2, “benignidade”; v.14, “graça”; v.17, “favor”; v.24, “bondade”; v.28, “graça”; v.33, “bondade”; v.49, “benignidade”).

Há quatro menções à aliança nesse Salmo (vv.3, 28, 34 e 39).
O conceito da eternidade (“para sempre”) aparece seis vezes (vv.2, 4, 28, 29, 36, 37).
A fidelidade de Deus é referida sete vezes (vv.1, 2, 5, 8, 24, 33, 49).
E há cinco menções ao trono (vv.4, 14, 29, 36, 44).


Os pactos e alianças que Deus celebra são totalmente diferentes das humanas. Sua garantia é indiscutível e não poderia ser mais segura.
Deus também falou da Sua aliança eterna com Davi pela boca do profeta Jeremias: “Assim diz o Senhor: Se a minha aliança com o dia e com a noite não permanecer, e eu não mantiver as leis fixas dos céus e da terra, também rejeitarei a descendência de Jacó e de Davi, meu servo, de modo que não tome da sua descendência quem domine sobre a descendência de Abraão, Isaque e Jacó; porque lhes restaurarei a sorte e deles me apiedarei” (Jr 33.25-26; cf. também Gn 15.18-21; 17; Êx 33.1-2; Lv 26.41-42,44-45; Dt 4.30-31; 2 Sm 23.5; 2 Rs 13.23; Sl 105.8-11; Sl 132.11ss.).

Essa profusão de menções à aliança também é uma clara indicação de que todas as doze tribos de Israel serão preservadas, retornando no final, mesmo que hoje sua identificação ainda seja difícil.

2. Quando teve início a aliança de Deus com Davi?


Já na escolha de Davi como rei de Israel. Basta atentar para a palavra “poder”, “óleo” ou “ungir”: “...no teu favor avulta o nosso poder...” (Sl 89.17)“...com o meu santo óleo o ungi” (v.20)“...e em meu nome crescerá o seu poder” (v. 24).

Deus mandou o profeta Natã dizer a Davi: “Mas a minha misericórdia se não apartará dele, como a retirei de Saul, a quem tirei de diante de ti. Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre” (2 Sm 7.15-16).

Há uma diferença profética muito significativa entre a unção de Saul e a unção de Davi para serem reis. No caso de Saul lemos: “Tomou Samuel um vaso de azeite, e lho derramou sobre a cabeça, e o beijou, e disse: Não te ungiu, porventura, o Senhor por príncipe sobre a sua herança, o povo de Israel?” (1 Sm 10.1). Quando Davi foi ungido rei, o relato diz: “Tomou Samuel o chifre do azeite e o ungiu no meio de seus irmãos; e, daquele dia em diante, o Espírito do Senhor se apossou de Davi...” (1 Sm 16.13). O vaso de azeite é quebrável, já o chifre de azeite não é. Essa é uma indicação profética da fragilidade do reinado de Saul e da durabilidade do reinado de Davi.

Saul foi instituído rei por Deus, mas não havia sido Seu eleito; ele era um rei mais de acordo com a vontade do povo (1 Sm 12.13). Já Davi era homem segundo o coração de Deus e eleito pelo Senhor (2 Cr 6.5-6).

Quando Saul foi morto pelos filisteus, Davi lamentou sua morte: “Montes de Gilboa, não caia sobre vós nem orvalho, nem chuva, nem haja aí campos que produzam ofertas, pois neles foi profanado(quebrado) o escudo dos valentes, o escudo de Saul, que jamais será ungido com óleo” (2 Sm 1.21). Já sobre Davi está escrito: “A minha fidelidade e a minha bondade o hão de acompanhar, e em meu nome crescerá o seu poder” (Sl 89.24).

3. A que se relaciona a aliança?


a) Às pessoas de Davi, Salomão e seus descendentes: “...também o Senhor te faz saber que ele, oSenhor, te fará casa. Quando teus dias se cumprirem e descansares com teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino. Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino. Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; se vier a transgredir, castigá-lo-ei com varas de homens e com açoites de filhos de homens. Mas a minha misericórdia se não apartará dele, como a retirei de Saul, a quem tirei de diante de ti. Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre” (2 Sm 7.11-16).

b) Além das pessoas, diz respeito ao trono: “Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino... Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre” (2 Sm 7.13,16).

O Salmo 89 fala do trono de modo muito especial: “Para sempre estabelecerei a tua posteridade e firmarei o teu trono de geração em geração” (v.4). “Farei durar para sempre a sua descendência; e, o seu trono, como os dias do céu” (v. 29). “A sua posteridade durará para sempre, e o seu trono, como o sol perante mim” (v.36).

Se a promessa dependesse de quem se assenta no trono, ela já teria se tornado ultrapassada e inválida com Salomão. Mas como a promessa está baseada, por um lado, em Deus, em Sua graça, fidelidade e santidade, e, por outro lado, no trono, ela não tem como ser invalidada.

O vaso de azeite é quebrável, já o chifre de azeite não é. Essa é uma indicação profética da fragilidade do reinado de Saul e da durabilidade do reinado de Davi.
c) Jesus, o Messias. Davi aparentemente percebeu isso e disse a respeito da aliança que Deus tinha feito com ele: “Foi isso ainda pouco aos teus olhos, Senhor Deus, de maneira que também falaste a respeito da casa de teu servo para tempos distantes; e isto é instrução para todos os homens, óSenhor Deus” (2 Sm 7.19).

Uma passagem paralela no livro das Crônicas, apesar de ter outras ênfases, certamente tem algum significado profético: “...e também te fiz saber que o Senhor te edificaria uma casa. Há de ser que, quando teus dias se cumprirem, e tiveres de ir para junto de teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que será dos teus filhos, e estabelecerei o seu reino. Esse me edificará casa; e eu estabelecerei o seu trono para sempre. Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; a minha misericórdia não apartarei dele, como a retirei daquele que foi antes de ti. Mas o confirmarei na minha casa e no meu reino para sempre, e o seu trono será estabelecido para sempre” (1 Cr 17.10-14).

• Aqui Salomão não é mencionado como descendente direto de Davi, que subiria ao trono, mas como o “descendente depois de ti, que será dos teus filhos”. Essa indicação não se refere nem a Salomão nem a outro filho seu, mas a um descendente futuro da linhagem de Davi.

• A possibilidade de pecado não é mencionada nesse texto, pois pelo visto esse descendente não pecará.

• Ele próprio, Seu trono e Seu reinado durarão para sempre. Não é só o trono que permanecerá para sempre, mas também a pessoa que se assenta no trono.

Essa profecia não pode estar relacionada a ninguém mais além de Jesus Cristo, que o anjo Gabriel anunciou da seguinte forma a Maria: “Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim” (Lc 1.32-33). E por referir-se a Jesus, o Salmo 89.24 também diz: “A minha fidelidade e a minha bondade o hão de acompanhar, e em meu nome crescerá o seu poder”.

4. Qual é a conseqüência dessa aliança?


1. Israel precisa ser preservado como povo.

2. Israel como nação deve possuir a terra. Portanto, os judeus devem retornar a ela. A existência do Estado judeu é uma premissa básica para isso.

3. Jesus tem de retornar literalmente como Messias.

4. É preciso existir um reino literal. Quando Natã, incumbido por Deus, disse a Davi que o seu “reino”seria “estabelecido para sempre” e que seu “trono” existiria “para sempre”, Davi respondeu ao Senhor:“Quem há como o teu povo, como Israel, gente única na terra, a quem tu, ó Deus, foste resgatar para ser teu povo? E para fazer a ti mesmo um nome e fazer a teu povo estas grandes e tremendas coisas, para a tua terra, diante do teu povo, que tu resgataste do Egito, desterrando as nações e seus deuses? Estabeleceste teu povo Israel por teu povo para sempre e tu, ó Senhor, te fizeste o seu Deus. Agora, pois, ó Senhor Deus, quanto a esta palavra que disseste acerca de teu servo e acerca da sua casa, confirma-a para sempre e faze como falaste. Seja para sempre engrandecido o teu nome, e diga-se: O Senhor dos Exércitos é Deus sobre Israel; e a casa de Davi, teu servo, será estabelecida diante de ti” (2 Sm 7.23-26).

A interrupção da aliança

Israel como nação deve possuir a terra. Portanto, os judeus devem retornar a ela. A existência do Estado judeu é uma premissa básica para isso.
No Salmo 89.38-49 parece que Etã não entende mais a promessa que Deus fez a Davi. Antes Etã lembrava as promessas eternamente válidas de Deus a Davi e louvava ao Senhor por isso. Mas ele não conseguia conectá-las com a realidade que estava diante de seus olhos. O que via era totalmente diferente do que Deus tinha prometido. O que via em seus dias não combinava em nada com as promessas dadas por Deus. Parece haver uma enorme diferença entre a teoria e a prática. O que estava acontecendo? Será que Deus estava quebrando Sua palavra? Seria possível que Ele tivesse rompido a aliança feita com Davi? Será que já não era possível continuar confiando nEle?

Etã está debaixo de uma insuportável tensão entre a fé na palavra de Deus e a realidade histórica. Por isso, ele questiona consternado: “Que é feito, Senhor, das tuas benignidades de outrora, juradas a Davi por tua fidelidade?” (Sl 89.49).

A coroa de Israel caiu (aparentemente não há mais dinastia real). O trono ruiu, os muros foram derrubados, o templo destruído, os inimigos estão dominando. O reino de Israel foi dividido. Então vieram os inimigos – assírios, babilônios, gregos, Antíoco Epifânio, os romanos – e os judeus foram espalhados entre todas as nações. Além de tudo, ainda aconteceu o Holocausto... Isso realmente pode despertar dúvidas como as de Etã: “Que é feito, Senhor, das tuas benignidades de outrora, juradas a Davi por tua fidelidade?”

Mas Etã não pára por aí; ele suplica: “Lembra-te, Senhor, do opróbrio dos teus servos e de como trago no peito a injúria de muitos povos, com que, Senhor, os teus inimigos têm vilipendiado, sim, vilipendiado os passos do teu ungido” (Sl 89.50-51).

Por que esse afastamento de Israel, essa separação entre a aliança com Davi e a realidade histórica vivenciada? – Porque Deus suspendeu temporariamente a aliança prometida a Davi para que as nações também fossem incluídas na salvação de Jesus, tornando-se participantes da Nova Aliança. No século VIII a.C. o Senhor tinha anunciado por meio de Isaías: “Por breve momento te deixei, mas com grandes misericórdias torno a acolher-te; num ímpeto de indignação, escondi de ti a minha face por um momento; mas com misericórdia eterna me compadeço de ti, diz o Senhor, o teu Redentor... Porque os montes se retirarão, e os outeiros serão removidos; mas a minha misericórdia não se apartará de ti, e a aliança da minha paz não será removida, diz o Senhor, que se compadece de ti” (Is 54.7-8,10).

Israel tirado do meio das nações e reunido como povo é premissa indispensável para a volta de Jesus. Na verdade, será como desenrolar o tapete vermelho para o Rei que vem chegando.

No capítulo seguinte de Isaías Deus continua o raciocínio e deixa claro que (1) a aliança com Davi é válida e que (2) a aliança serve às nações. Desde Pentecostes as nações usufruem dessa verdade salvadora. No reino vindouro de Jesus Cristo a aliança terá sido cumprida, tanto para Israel quanto para as nações. O Senhor convida por meio do profeta Isaías: “Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas fiéis misericórdias prometidas a Davi (veja At 13.34). Eis que eu o dei por testemunho aos povos, como príncipe e governador dos povos. Eis que chamarás a uma nação que não conheces, e uma nação que nunca te conheceu correrá para junto de ti, por amor do Senhor, teu Deus, e do Santo de Israel, porque este te glorificou” (Is 55.3-5).

O apóstolo Paulo explica a quebra da aliança aos cristãos de Roma: “Pergunto, pois: porventura, tropeçaram para que caíssem? De modo nenhum! Mas, pela sua transgressão, veio a salvação aos gentios, para pô-los em ciúmes... assim também estes, agora, foram desobedientes, para que, igualmente, eles alcancem misericórdia, à vista da que vos foi concedida” (Rm 11.11,31). Ele esclarece esse mistério, dizendo: “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério (para que não sejais presumidos em vós mesmos): que veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a plenitude dos gentios. E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador e ele apartará de Jacó as impiedades. Esta é a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados. Quanto ao evangelho, são eles inimigos por vossa causa; quanto, porém, à eleição, amados por causa dos patriarcas; porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (vv.25-29). A aliança de Davi foi interrompida para oferecer a possibilidade de salvação às nações.

A doxologia da aliança


A palavra grega doxologia pode ser traduzida como forma de louvor litúrgico. No final, Etã deve ter alcançado uma libertadora convicção interior, mas ela não é revelada a nós. Ele não mais se expressa sobre isso, mas irrompe em maravilhosa adoração: “Bendito seja o Senhor para sempre! Amém e amém!” (Sl 89.52).

Agora ele tinha certeza absoluta: o Senhor não quebra Sua palavra, Ele permanece fiel! Às vezes, o caminho é diferente daquele que desejamos, mas no final tudo fica bem e todos se unirão no louvor a Deus: “Bendito seja o Senhor para sempre!” Ele transformará tudo em final feliz e concluirá perfeitamente Seu plano de salvação!

Paulo também reconheceu essa realidade e por isso jubila de forma semelhante (no capítulo 11 da Carta aos Romanos): “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém” (Rm 11.33-36).

Ninguém terá sucesso em se opor ao Senhor, ao Seu Ungido ou ao Seu povo. É o que também expressa o Salmo 89.22: “O inimigo jamais o surpreenderá, nem o há de afligir o filho da perversidade(Anticristo?)”. O versículo 9 também fala da insuperável grandeza e do poder de Deus: “Dominas a fúria do mar; quando as suas ondas se levantam, tu as amainas”. Muitas vezes, água, mares e rios simbolizam as nações (cf. Is 8.7-8; 17.12-13; 28.15; 57.20; Sl 65.7-8; 93.3-4; 124.2-5; Ap 12.15; 13.1). Que o Senhor Jesus um dia reinará sobre as nações também está escrito no Salmo 89.25:“Porei a sua mão sobre o mar e a sua direita, sobre os rios”.

Pensamentos finais de exortação


No Salmo 89.20 lemos: “Encontrei Davi, meu servo; com o meu santo óleo o ungi”. Saul era o rei que o povo desejava; os israelitas viam somente o que estava diante de seus olhos. Mas Deus estava à procura de um coração que lhe fosse totalmente consagrado e encontrou-o em Davi. O que o Senhor encontra em nós?

Em Atos 13.22 está escrito: “E, tendo tirado a este, levantou-lhes o rei Davi, do qual também, dando testemunho, disse: Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará toda a minha vontade”. Davi serviu ao Senhor de todo coração até sua morte: “Porque, na verdade, tendo Davi servido à sua própria geração, conforme o desígnio de Deus, adormeceu, foi para junto de seus pais...” (At 13.36). Se o Senhor Jesus demorar com o Arrebatamento, quando estivermos perto da morte será que também poderemos dizer que servimos à vontade do Senhor até o fim?

O Senhor conduz tanto a Igreja quanto nossa vida pessoal ao seu alvo (Fp 1.6). Mesmo que muitos descendentes de Davi tenham falhado completamente, Deus conduzirá Israel ao alvo que propôs.

Encorajamento

Freqüentemente nós também não entendemos os caminhos de Deus e vivemos nessa tensão entre fé e experiência. Muitas coisas são totalmente diferentes do que imaginamos ou pensamos compreender a partir da Escritura. Às vezes sentimo-nos como Etã quando orou: “Que é feito, Senhor, das tuas benignidades de outrora, juradas a Davi por tua fidelidade?” (Sl 89.49). Muitos que esperam ansiosamente pelo Arrebatamento talvez já tenham dito a Jesus: “Senhor, afinal, quando virás? Já estou esperando há tanto tempo. Tua palavra não vai se cumprir nunca?”.

Os filhos de Deus são duramente provados, não somente sob o regime comunista na Coréia do Norte, na China, no Vietnã ou em países islâmicos. Também nos países cristãos há muito sofrimento e dor. E quando olhamos para Israel vemos que lá também há inúmeras dificuldades e que aparentemente não há solução para os problemas.

Como cristãos renascidos, preferimos receber novas vestes do que ser despidos delas. Muitos cristãos sinceros já pregaram sobre a vinda de Jesus para buscar Sua Igreja, ansiaram pelo Arrebatamento e contaram com ele durante seu tempo de vida. Mas ficaram doentes, ficaram idosos e o Senhor não os buscou. Pedro tem palavras de consolo para nós: “...que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo. Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo; a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória” (1 Pe 1.5-8).

Sejamos confiantes! Um dia os membros da Igreja de Jesus colocarão suas coroas aos pés de seu Senhor (veja Ap 4.10-11) e entoarão o louvor: “Bendito seja o Senhor para sempre! Amém, amém!” (Sl 89.52). Portanto, guarde o que você tem para que ninguém tome sua coroa (Ap 3.11). Afinal, só assim você terá algo para colocar aos pés do Senhor, para honrá-lO na eternidade! (Norbert Lieth -http://www.beth-shalom.com.br)


Norbert Lieth É Diretor da Chamada da Meia-Noite Internacional. Suas mensagens têm como tema central a Palavra Profética. Logo após sua conversão, estudou em nossa Escola Bíblica e ficou no Uruguai até concluí-la. Por alguns anos trabalhou como missionário em nossa Obra na Bolívia e depois iniciou a divulgação da nossa literatura na Venezuela, onde permaneceu até 1985. Nesse ano, voltou à Suíça e é o principal preletor em nossas conferências na Europa. É autor de vários livros publicados em alemão, português e espanhol.



Fonte: http://www.beth-shalom.com.br