terça-feira, maio 28, 2013

O USO E ABUSO DO PODER

Até onde é certo o dito popular: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”?






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A imposição da vontade pessoal sobre a de outra pessoa, com base no cargo exercido, sem considerar as leis ou estatutos vigentes, controlando, coagindo, ou impedindo que a outra expresse seu direito ou vontade própria configura abuso de poder. Esse abuso é atitude contrária à democracia, e pode ocorrer em diversos níveis de poder em todas as áreas da sociedade. Seja no ambiente doméstico, político, econômico ou até mesmo religioso caracteriza-se pelo uso ilegal ou coercivo do poder para alcançar o objetivo pretendido.

Considerando que o poder tem aspectos mais amplos e mais complexos do que o simples ato de exercer a autoridade sobre outras pessoas, para definir seu uso abusivo é preciso ir além da ação do forte sobre o fraco, principalmente onde o poder é transferido de mãos, recebendo novas nuances dificultando a sua identificação. Mas em áreas democráticas é facilmente identificado como no caso em que uma pessoa em situação de desvantagem usa indevidamente os artifícios do poder que tem para sair da tal situação desvantajosa.

O abuso do poder e da autoridade é um desvio de comportamento, é um desvio de conduta moral e ética.

Infelizmente na Igreja esse desvio de comportamento também acontece. Não é de se admirar, porque grupos partidários também surgiram na igreja em Corinto, nos dias de Paulo. Tinham perdido o foco da razão da existência da Igreja (1 Coríntios 1.10-17).  É diferente hoje? A impressão que se tem é que o que está valendo são os interesses de cada grupo, e principalmente daquele que detém o poder; e qualquer ameaça, real ou imaginária tem que ser fortemente confrontada, de modo que fique bem claro "quem é que manda".

Mas, a Igreja é do Senhor Jesus! Ele, querendo a edificação dela, concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, outros para pastores, e outros para doutores e mestres (Efésios 4.11,12). E estes deveriam atuar conforme a orientação apostólica: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1 Pedro 4.10).

Os grupos que se formaram na igreja, sejam da “direita” ou da “esquerda” não conseguem mais definir, nem expressar, e muito menos viver a essência da Igreja verdadeira. Politicamente, direita representa a "situação", enquanto esquerda "oposição". E o povo, em que posição está? O que pensa? O que espera?

O povo precisa e espera ser guiado por um líder, cuja devoção a Deus seja uma característica notável da sua vida, mensagem, e espiritualidade. Um líder que conheça bem o seu trabalho, e o que irá ensinar. Não somente a doutrina bíblica, mas o esboço geral da fé cristã e as experiências reais que serão vividas no dia a dia da jornada. Um líder, talvez até de pouca experiência, mas com uma vida de consagração que envolva a própria alma, que ouça e obedeça a voz do Senhor.   

A orientação do Senhor para Josué, o novo líder israelita, é que ele deveria ser forte e corajoso, que tivesse o cuidado de obedecer à lei que Moisés ordenou, permanecendo na direção certa, sem se desviar para a direita nem para a esquerda, para ser bem sucedido (Josué 1.7,8). Muito me preocupa o desvio à direita, pois a meu ver o Senhor o destaca em primeiro, e em segundo à esquerda. Tanto um quanto o outro é perigoso. Mas, desvio para a direita apresenta mais risco, mais perigo. Quem está à direita e detém a autoridade deve saber que o impacto de suas decisões pode causar sérios prejuízos, até mesmo destruir vidas, tanto individualmente como coletivamente.

O texto de Romanos 13.1 traz a seguinte instrução: “Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que existem foram ordenadas por Deus”.

Não podemos ir além do conceito bíblico de submissão ensinado no Novo Testamento, como também não podemos negar o conceito de autoridade orientado pela Palavra de Deus.

Quando a Bíblia diz de autoridades superiores, está sugerindo que existem níveis legítimos de autoridade aos quais devemos nos submeter. Existem ocasiões em que a autoridade superior (divina) e a inferior (humana) entram em conflito, e nesse tempo, como liderados nossa escolha deve ser obedecer a autoridade superior, isto é, Deus, e não às autoridades religiosas (Atos 5.29).

As Escrituras Sagradas mencionam sete níveis de autoridade, porém, três não foram concedidos aos homens, são reservados exclusivamente e somente para Deus: Autoridade Soberana, Autoridade Verídica, e Autoridade da Consciência. E mesmo assim, muitos líderes religiosos e políticos, e muitos cientistas indevidamente se apropriam de títulos de autoridade e posições que pertencem unicamente ao Senhor nosso Deus.



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Ao que parece os homens não estão satisfeitos com os quatro níveis de autoridade que foram reservados à humanidade, conforme as Escrituras.

Os níveis de autoridade dados ao homem se forem usados de forma adequada resultarão em justiça, paz e alegria no Espírito Santo. Esses níveis de autoridade são: Autoridade Delegada, Autoridade Estipulada, Autoridade dos Costumes ou da Tradição, e Autoridade Fundamental.

O apóstolo Paulo enfatiza que a função principal da autoridade, intrinsecamente ligada aos dons ministeriais, em conjunto visa o aperfeiçoamento dos santos para que entrem em ação desempenhando cada um o seu papel para a edificação do corpo de Cristo. São as instruções do apóstolo em Efésios 4.11,12, quando cita os cinco dons ministeriais de liderança em relação à nossa submissão.

Em Hebreus 13.17, lemos: “Obedecei aos que têm o governo sobre vós e submetei-vos a eles, porque velam pelas vossas almas…”. Mas não significa que os líderes espirituais devem agir ou reinar como ditadores, impondo sua vontade aos liderados. Uma vez que o ministério pastoral não é a mesma coisa que ‘governo’, a partir de João 10.11 que diz que o pastor é aquele que cuida, se importa e ama, podemos interpretar Hb 13.17 da seguinte forma: “Sigam os que exercem a liderança pastoral, e submetam-se ao seu cuidado e alimentação espiritual, e repreensão em amor, pois hão de prestar contas de vossas almas ao Supremo Pastor”.

Também o apóstolo Pedro exorta à liderança da igreja: “Pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele, não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus quer. Não façam isso por ganância, mas com o desejo de servir. Não ajam como dominadores dos que lhe foram confiados, mas como exemplos para o rebanho. Quando se manifestar o Supremo Pastor, então, receberão a imperecível coroa de glória” (1 Pedro 5.2-4).

O líder deve reconhecer os limites da autoridade que lhe foi outorgada, e nunca ir além da sua responsabilidade. O liderado, por sua vez, reconhece e se submete a essa liderança. E essa submissão baseada em amor fraternal resulta em respeito mútuo e recíproco, quando a autoridade é exercida e administrada de modo adequado, dentro dos limites das Sagradas Escrituras.


Que Deus nos abençoe!
Pr. Paulo Pontes

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