segunda-feira, maio 23, 2016

CONFRONTANDO AS MOTIVAÇÕES

CONFRONTANDO AS MOTIVAÇÕES
Torre ou Altar? O Drama de Babel



AS IMPLICAÇÕES DO CRESCIMENTO

                  
A qualidade do crescimento é a chave do avivamento. Todo processo de crescimento tem o seu preço e as suas conseqüências. O crescimento é uma espada de dois gumes. Pode ser uma grande benção ou uma forma de multiplicar problemas e pessoas problemáticas. Apenas produzimos frutos de acordo com a nossa espécie. Essa é a lei da reprodução, que rege nossa natureza em todas as esferas. Nossas motivações também determinam a espécie da semente que estamos plantando. Pessoas enfermas pregam um evangelho enfermo e contaminado. Esse é o lado negativo do crescimento.

Outro aspecto do crescimento é que ele flui de Deus. Paulo declara: Eu plantei; Apolo regou; mas Deus deu o crescimento (I Co 3. 6). Este é um dos maiores segredos da vida. Podemos semear e regar, mas o crescimento é naturalmente sobrenatural e só vem de Deus. Jesus declara a mesma questão de forma desafiante:

Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura? (Mt 6. 27).
Ninguém fica quarenta e cinco centímetros (um côvado) mais alto de um dia para o outro porque assim o quer ou anseia. É necessário saúde e, acima de tudo, paciência para crescer.
A ansiedade pode ser um inimigo perigoso, Jesus adverte. Ignorando isso, muitos líderes acabam obstinados com uma receita milagrosa de crescimento que descarta a formação de pessoas provadas e aprovadas por Deus. Formar o caráter de uma pessoa é muito trabalhoso e pode levar mais tempo do que imaginamos. O crescimento desamparado pela formação de líderes consistentes pode levar a uma maior perda de tempo, produzindo até mesmo processos de estagnação.

Uma perspectiva rápida de sucesso sempre foi um fator consistente de tentação. Alguém já disse que o maior inimigo de um líder é o sucesso. O sucesso é um campo minado. Muitos pecados sedutores estão estrategicamente enterrados neste campo. Soberba, independência, estrelismo, autoritarismo, impaciência e principalmente a vanglória. Chegar ao sucesso pode até ser fácil, e muitos o alcançam, porém, permanecer nele é para poucos. Aqui é que muitos abandonam o altar e passam a construir uma torre. O altar é divino, a torre é humana.
Uma perspectiva de crescimento que quebra a lei do processo tem sido um laço para muitos pastores, que acabam se tornando vítimas de métodos certos, porém que atropelam a ética, a vontade e o tempo de Deus. Acabam edificando sem fazer primeiro o alicerce. Esse tipo de crescimento pode funcionar por um tempo, porém, não suportará as tempestades vindouras.

Os pensamentos do diligente tendem à abundância, mas o de todo apressado, tão somente à pobreza. (Prov. 21. 4).

Muitos, com medo de perder as pessoas e os recursos que elas representam, deixam de confrontar seus pecados e espremer suas feridas. Acabam negociando princípios e valores do Reino de Deus. Essa é uma péssima semeadura, pois sacrificam o avivamento em prol do crescimento. Quando se perde o zelo pela santidade, o crescimento é doentio. Assim fica fácil entender por que algumas igrejas crescem assustadoramente e depois, na mesma velocidade, diminuem e minguam. O Evangelho sem cruz produz uma igreja fraca, vulnerável e incapaz.
Mais do que nunca precisamos investir no aspecto qualitativo, produzindo na vida das pessoas uma motivação pura, uma vida centralizada nos princípios morais do Reino de Deus e um Evangelho que glorifica a cruz. Motivações, valores e a mensagem são as três dimensões da pedra angular do discipulado. Sem um autêntico fundamento nesse sentido, a formação de discípulos está condenada.

Motivações corrompidas, uma vida cheia de “poder” e ausente  de princípios e um Evangelho sem a cruz são os ícones da crise de santidade, que acarreta a crise de liderança que hoje assola a Igreja.


A RAIZ DA CONFUSÃO


Então desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam; e disse: Eis que o povo é um e todos têm uma só língua; e isto é o que começaram a fazer; agora não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer. Eia, desçamos, e confundamos ali a sua linguagem, para que não entenda um a língua do outro.  (Gn 11. 5 – 7).

Sutilmente o crescimento pode ser contaminado e tornar-se até mesmo cancerígeno. Esse foi o terrível drama de Babel quando se deu a segunda queda da raça humana.

Aqui a unidade se evidencia como um princípio inquestionável, que produz crescimento sob qualquer circunstância sob qualquer circunstância. A grande questão, porém, são as motivações. O crescimento é inevitável, mas as motivações estabelecem a qualidade e o destino do crescimento. As motivações determinam o caráter, e o caráter determina o destino. Um princípio certo pode ser totalmente desbalanceado por uma motivação corrompida. Essa é a maneira pela qual o diabo estrategicamente tira proveito dos princípios divinos.
Podemos sintetizar a história de Babel dizendo que é menos pior a divisão do que o crescimento errado. Sendo assim, é indispensável que saibamos aprender com as nossas divisões a corrigir nossa motivação de crescer. Sem isso a Igreja pode sutilmente deixar de ser um altar a Deus e tornar-se uma torre em homenagem a uma personalidade humana.

Muitos ministérios estão vivendo essa fase crítica, esse conflito, no qual é fundamental discernir se o tempo é de insistir numa fórmula de crescimento ou aprender com os golpes das divisões sofridas para, então, poder crescer sobre o fundamento certo, que é a glória de Deus.

Antes de crescer, antes de Deus nos edificar, Ele vai escavar alicerces, esburacar, sondar, encontrar terreno firme na nossa vida. Ele vai gerar motivações certas e um caráter sólido em nossa personalidade. Essa é uma tarefa árdua e dolorosa. Uma trilha de provas e situações na qual nossos valores e princípios serão minuciosamente checados e nossas motivações profundamente corrigidas. Deus só edifica sobre alicerces que ele fez.

Em Babel presenciamos uma comunidade que estava edificando sobre um alicerce formado por motivações reprovadas. Não existe unidade duradoura quando os motivos são errados. Por mais o princípio seja certo, uma motivação corrompida transforma a situação numa bomba-relógio. É só uma questão de tempo e o caos se instala. A unidade inspirada por motivos errados é, na verdade, uma semente de divisão e confusão.

É importante acrescentar que nem sempre o diabo é o autor da divisão. Deus também executa a divisão como um juízo que condena nossas motivações obscuras e corruptas.

Continuação: ... 

AVALIANDO AS MOTIVAÇÕES


Disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até os céus, tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda terra. (Gn 11.4).

Esse texto estabelece a plataforma motivacional dos moradores de Babel. Motivações erradas podem subitamente fragmentar o processo de crescimento. Esse versículo nos fala de quatro transgressões que compunham a motivação daquelas pessoas e fizeram a unidade resultar num processo condenado de confusão e dispersão.


1)     Edifiquemos Para Nós – Egoísmo e Possessividade


Quando nos referimos à obra de Deus, a atitude interesseira de edificar para nós é muito perigosa. A motivação encoberta de edificar para nós expressa uma rebelião aberta contra o senhorio de Cristo. A grande questão aqui não é o estilo de liderança, mas o espírito de liderança: Donos ou mordomosServos ou senhoresPastores ou dominadores? Liderar é orientar, servir e cuidar. Motivacionalmente qual é a nossa obra? Estamos servindo ou usando as pessoas?

  
Na carta aos efésios, Paulo declara que Deus deu à Igreja pastores, mestres, etc., e não deu aos pastores, mestres, etc. a Igreja. Pertencemos ao Corpo de Cristo, e não o Corpo de Cristo nos pertence.

Quando nos sentimos donos da obra de Deus, começamos a manipular as pessoas. As pessoas passam a ser segundo plano. A vida de oração é substituída por muitas exigências e duras cobranças. Extingue-se o hábito de depender de Deus. Tomamos nossas próprias decisões independentemente da autorização de Deus. Amotinamos contra a vontade Deus. Tudo isso acontece com muita sutileza debaixo de uma capa de espiritualidade.

Esse foi um dos pecados mais graves da classe religiosa contemporânea de Jesus. Por isso ele os confrontou com várias parábolas como a da vinha arrendada (Mt 21. 33 – 34), a do mordomo espancador (Mt 24. 48 – 51) e outras. Essas são pessoas que fizeram violência à obra de Deus. Pessoas que deixaram de ser servas para se tornarem donos. Jesus deixa conosco uma pergunta-chave:

Quando, pois, vier o Senhor da vinha, que fará àqueles lavradores? (Mt 21. 40).

Quando se perde de vista que não somos mais que simples mordomos, o inimigo começa a implantar várias de suas estratégias de controle que vão desgastar e destruir os relacionamentos. Manipulação, dominação, avareza, chantagens disfarçadas e várias outras atitudes inspiradas pela insegurança e pelo medo de perder o controle e a reputação vão implodir nosso relacionamento com Deus nos colocando espiritualmente numa situação na qual apesar de nos sentirmos seguros, na verdade estamos à beira do colapso.





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